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Financiamento é mantido, mas com menos qualidade

Por Análise: Fernando Dantas
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A divulgação ontem do resultado das contas externas de abril, e de uma prévia de maio, reforçou duas constatações que já estão claras há algum tempo. A primeira é que o Brasil está entrando numa era de déficits em conta corrente, e precisa de poupança externa para financiar um nível de investimentos que garanta o crescimento sustentável na faixa de 4,5% a 5% ao ano. Assim, o déficit em conta corrente em 12 meses já chegou à marca de 2% do PIB, e pode, segundo algumas projeções, atingir um nível próximo de 4% em 2011.A segunda constatação é que o mundo continua demonstrando apetite para financiar o Brasil. No difícil mês de maio, quando subiu a aversão global ao risco, o Brasil teve um saldo positivo de investimentos em carteira de US$ 1,2 bilhão, composto por saída líquida de US$ 463 milhões em ações, e entrada líquida de US$ 1,73 bilhão em títulos de renda fixa.Embora represente uma queda em relação a abril, essa entrada líquida mostra como o investidor estrangeiro sente-se seguro em relação ao Brasil. Como nota Darwin Dib, economista sênior do Unibanco, a conta dos investimentos em carteira não ficou negativa em nenhum mês deste ano, apesar das agruras dos mercados globais.Um ponto preocupante, porém, é que o investimento estrangeiro direto, a melhor forma de financiar o déficit em conta corrente, está desapontando. Os US$ 7,9 bilhões acumulados até abril são inferiores aos US$ 8,8 bilhões do mesmo período do ano passado. "Isso reflete, sem dúvida, uma piora da qualidade do financiamento", diz Maurício Molan, economista do Santander.

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