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Fipe eleva previsão de inflação de fevereiro de 0,8% para 1%

Segundo o coordenador do IPC-Fipe, Heron do Carmo, a terceira quadrissemana de fevereiro indicará "quedas mais intensas" no IPC. A previsão de inflação para o ano foi mantida em 7%.

Por Agencia Estado
Atualização:

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Heron do Carmo, elevou sua estimativa de inflação para o mês de fevereiro, na capital paulista, de 0,8% para 1%. Segundo ele, o mês inicia-se com um piso de 0,65% por causa da contaminação dos reajustes dos combustíveis (álcool, gasolina e gás de cozinha), do transporte coletivo (ônibus, metrô, trem, lotação e integração), além de um reajuste das tarifas de telefonia celular, ainda não divulgado pela Anatel, mas que o economista estima que seja em torno de 10%. O IPC fechou o mês de janeiro em 2,19%, ante 1,83% em dezembro. "Nas duas primeiras quadrissemanas de fevereiro, principalmente pelo efeito do grupo Transportes?, explicou, ?o IPC terá comportamento similar ao de janeiro, em especial por conta da contaminação de tarifas de transportes coletivos, já que os reajustes concedidos pela Prefeitura e pelo governo do Estado ocorreram na segunda semana de janeiro." Segundo o coordenador do IPC-Fipe, a terceira quadrissemana de fevereiro indicará "quedas mais intensas" no IPC. Isso decorrerá principalmente da queda da demanda, já que, disse ele, a massa salarial dos trabalhadores não está conseguindo acompanhar o aumento da inflação verificado principalmente nos últimos seis meses. A inflação acumulada em seis meses (julho de 2002 a janeiro de 2003) é de 10,11% pelo IPC-Fipe. "Fica claro que a partir de fevereiro a esperança vencerá o medo", disse o economista, parafraseando o discurso de campanha eleitoral do hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Previsão para o ano se mantém Heron do Carmo manteve em 7% sua previsão de inflação para o ano, justificando-a pelo fato de o mês de janeiro ter computado os reajustes de transportes coletivos, previstos antes para o período maio-junho. "Houve somente uma antecipação dos índices e, por isso, mantemos nossa expectativa de 7%." Ele ressalvou, porém, que poderá rever essa estimativa anual se o comportamento de preços em fevereiro ficar aquém da sua estimativa neste momento. "Nas circunstâncias atuais, a estimativa de IPC de 7% no ano é otimista. Vou esperar o fim de fevereiro e se não forem confirmados os ajustes que estou projetando hoje, vou mudar a estimativa do ano." As recentes oscilações no mercado de câmbio não preocupam neste momento, afirmou Heron do Carmo. Segundo ele, a inflação acumulada nos últimos seis meses, de 10,11%, já "precificou" a alta do dólar na cotação do produtos e, por este motivo, "estamos numa fase de acomodação desses preços". Além disso, o economista avalia que o início da safra 2003 trará alívio nos preços dos alimentos, que foram os mais contaminados pela alta cambial de 2002. "Os agricultores deveriam avaliar com muito carinho a questão dos preços dos alimentos porque a safra está começando e os reajustes do ano passado foram muito altos, suficientes até para compensar algumas perdas que eles tiveram na colheita passada ou na safra de 2003", avaliou Heron do Carmo. Heron do Carmo admitiu que a inflação de 2,19% registrada em janeiro na cidade de São Paulo o frustrou. Ao longo do mês, Heron projetou que o índice ficaria em 1,5%, depois em 1,8%, uma nova projeção para 2% podendo atingir até 2,10%. "Esperava que a queda de preços em Alimentação fosse mais acentuada", afirmou, referindo-se ao 1,88% verificado no grupo ao longo do mês. "Houve também uma inesperada quebra de safra do feijão", justificou. O especialista enfatizou, porém, que de uma forma geral houve desaceleração da inflação. "Se considerarmos a soma de tarifas públicas, inclusive o aumento dos cartórios com Educação, o IPC recebeu uma contribuição de 1,17 ponto porcentual. Ou seja, se não fossem esses aumentos, o índice teria ficado na casa de 1%, por isso, essa seria a comparação mais pertinente em relação a dezembro, quando o IPC ficou em 1,83%", disse. Além disso, ele destacou a queda de intensidade dos grupos Habitação, de 1,04% em dezembro para 0,65% em janeiro; Despesas Pessoais, de 3,05% para 2,21%; Saúde, de 2,71% para 0,68% e Vestuário, de 0,75% para -0,55%.

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