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Fipe eleva previsão de inflação de setembro para 0,50%

A previsão reflete a resistência dos preços dos alimentos em recuar

Por Agencia Estado
Atualização:

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) elevou hoje sua previsão de inflação para setembro de 0,30% para 0,50%. A informação foi dada pelo coordenador de Pesquisas de Preços da fundação, Heron do Carmo, ao detalhar a inflação registrada na cidade de São Paulo na segunda quadrissemana do mês - período de 30 dias encerrado no último dia 16. A previsão, justificou o economista da Fipe, reflete a resistência dos alimentos em recuar. "Eu esperava que houvesse uma queda maior neste grupo. O grupo alimentação já deveria ter caído do patamar de 1,50% no fechamento de agosto para algo em torno de 0,80%", disse. Ao contrário, o grupo dos alimentos, o segundo maior na composição do IPC-Fipe, e líder do conjunto chamado de preços livres, subiu de 1,50% em agosto para 1,64% na primeira coleta de preços deste mês. Agora, na segunda prévia, se elevou a 1,65%. Apesar de o economista ter elevado sua previsão de inflação para setembro em relação à estimativa anterior, a taxa de 0,50%, se for confirmada, ficará 50% abaixo do índice de 1,01% apurado em agosto. Heron explica que isso se dará porque, apesar da permanência da alta dos alimentos, a taxa de elevação da primeira para a segunda quadrissemana setembro é menor do que a variação verificada no fechamento de agosto para a primeira prévia do IPC. Desvalorização cambial Heron disse que a persistente alta dos alimentos é conseqüência do repasse da desvalorização cambial para os produtos cujas matérias-primas são cotadas em dólar, como é o caso dos derivados de soja e trigo. Para se ter uma idéia, o óleo de soja subiu no período, 13,07%; o pão francês, 3,13%; biscoitos recheados, 3,44%. Os alimentos industrializados como um todo aumentaram 1,92% na segunda prévia de setembro. O grupo alimentação sofreu também influência dos produtos semi-elaborados, que tiveram uma alta de 3,11% puxados por arroz (4,06%), carne de segunda acém (6,20%), coxão mole (3,21%), entre outros. A maior elevação, no entanto, dentro do item semi-elaborado, foi do frango (8,76%). Tarifas devem conter alta maior As tarifas públicas, que até agora foram as maiores responsáveis pela alta da inflação, deverão conter, em setembro, uma evolução maior da média de preços ao consumidor, segundo avaliou Heron do Carmo. Segundo ele, alguns dos preços administrados pelo governo já recuaram na segunda quadrissemana, compensando, em parte, o aumento dos alimentos. Estão nessa lista o gás de botijão (-11,06%), ônibus urbano (-2,12%) e gasolina (-1,19%). No decorrer do mês, a tarifa de energia elétrica deverá proporcionar ao IPC-Fipe um alívio de 0,24 ponto porcentual. Na última medição, a tarifa de energia subiu 8,25%, dando uma contribuição de 0,34 ponto porcentual, mas até o final do mês essa participação cairá para 0,10 ponto porcentual. A tarifa de telefone fixo subiu 2,02%, com uma pressão de 0,05 ponto porcentual, mas até o fim do mês, segundo Heron, deverá zerar. Iraque O economista ressaltou, no entanto, preocupação com a possibilidade de um ataque dos Estados Unidos ao Iraque, o que poderia elevar a cotação do petróleo no mercado internacional. Contudo, disse o coordenador da Fipe: "Acredito que a Petrobras deverá segurar o repasse de um eventual aumento dos combustíveis até depois do segundo turno das eleições. Mesmo que haja algum imprevisto, a trajetória traçada para a inflação não deverá ser alterada de forma significativa", disse Heron, que continua mantendo a previsão de inflação para o ano em 4,5%." Economistas avaliam como positivo comportamento do IPC Com o IPC-Fipe da segunda prévia de setembro em 0,89%, abaixo de taxa de 0,99% da quadrissemana anterior, a economista do Banco Santander, Fernanda Batolla, diz que ponto positivo foi o grupo alimentação que apesar de ter mostrado uma ligeira alta no período, de 1,64% para 1,65%, já mostra taxas de aumentos menores, uma vez que do fechamento de agosto para a primeira quadrissemana os alimentos registraram elevação de 1,50% para 1,64%. Ela acredita que nas próximas coletas da Fipe os alimentos deverão apresentar taxas menores. O mesmo afirma o economista do ABN Asset Management, Aquiles Mosca. Segundo ele, nas pesquisas diárias do Procon-SP este grupo de produtos mostra variações menores, o que deverá ser captado pela Fipe com um pouco de defasagem. Os economistas destacaram também a continuidade da redução do impacto das tarifas públicas sobre a inflação.

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