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Fipe mantém projeção de 0,20% para o IPC de junho

Repasse do dólar às tarifas públicas preocupa a Fipe

Por Agencia Estado
Atualização:

O coordenador da Pesquisa de Preços da Fipe, Heron do Carmo, manteve hoje a sua estimativa de inflação para junho em 0,20%, contra uma taxa de 0,85% apurada no mesmo período do ano passado. Segundo Heron, a sua previsão contempla a retira da do efeito estatístico da tarifa de ônibus sobre o IPC-Fipe. No mês passado, no dia 1º, quando se comemorou o feriado do Dia do Trabalho, a Prefeitura de São Paulo concedeu desconto de 28% na passagem de ônibus, de R$ 1,40 para R$ 1,00. Estatisticamente esse desconto está voltando para a composição do índice, uma vez que este mês ainda não foi concedido redução na passagem de ônibus. A taxa de inflação registrada na terceira quadrissema de junho - período de 30 dias encerrado no último dia 22 - fechou em 0,27%, mostrando uma queda de 0,02 ponto porcentual em relação a taxa de 0,29% apresentada na quadrissemana anterior. A inflação da terceira quadrissemana teve uma contribuição de 0,05 ponto porcentual de uma variação de 1,16% da passagem do ônibus. Heron ressalta, no entanto, que a contribuição do ônibus nesta quadrissema é praticamente a mesma verificada na pesquisa anterior. Se fosse retirada a pressão do ônibus sobre o IPC, a taxa de inflação do período teria sido de 0,21%, ligeiramente acima da previsão do coordenador da Fipe para a taxa mensal. A ligeira queda observada no índice de inflação na última pesquisa da Fipe resulta do recuo de vários grupos que o compõem. Heron destacou o grupo Habitação que saiu de uma alta de 1,52% na pesquisa anterior, para 0,64%. Isso ocorreu, segundo ele, porque grandes redes de lojas especializadas nas vendas de móveis e eletroeletrônicos, que haviam em quase 10% seus preços no começo do mês, recuaram de suas decisões. "É bem provável que essas empresas puxaram seus preços e como vieram as vendas caírem, retir aram o aumento", diz. Os itens imobiliário e de decoração tiveram suas variações reduzidas de 2,82% para 1,30%. Os equipamentos eletroeletrônicos, que na pesquisa passada registraram alta de 1,46%, subiram apenas 1,76%. O mesmo ocorreu com os produtos de imagem e som que saíram de 0,55% para 0,30%. Outro destaque no IPC-Fipe foi o grupo Alimentação, que recuou de 0,24% para 0,16%. Esta queda deve-se à redução dos alimentos in natura, de 0,49% para 0,11% e alimentação fora do domicílio, de 0,28% para menos 0,06%. Já os alimentos industrializados, de acordo com o economista, mantiveram-se estáveis. As pressões se concentraram em leite (1,2%), panificados (1%), biscoitos e salgadinhos (1%) e óleo de soja (3,57%). Esses produtos subiram ou por questões climáticas ou por serem derivados de commodities cotadas em dólar. Repasse do dólar às tarifas públicas Apesar de alguns produtos, em especial alimentos, já estarem refletindo parte da desvalorização cambial, o coordenador da Pesquisa de Preços da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Heron do Carmo, afirma que a maior preocupação gira em torno das tarifas públicas. Isso porque o repasse do dólar para as tarifas não é devolvido, mesmo que a moeda norte-americana recue. Com relação aos demais preços, explica Heron, o ajuste depende da demanda e, além disso, quando o câmbio volta para patamares racionais, os preços livres também recuam. "Como a demanda está contida, não deveremos ter muitos problemas com os preços livres", diz. Ele avalia que o que está ocorrendo com o dólar neste ano é o mesmo que se verificou no ano passado. O economista lembra que muitas empresas continuam trabalhando sobre uma projeção do dólar entre R$ 2,50 e R$ 2,60, sendo que muitas mantiveram a taxa de R$ 2,70. "Não há razão para tanto escândalo", diz. Segundo ele, depois que for definido o quadro eleitoral com os candidatos apresentando seus programas de governo, a moeda norte-americana deverá recuar. O que poderá causar estragos, na opinião do coordenador da Fipe, são os hortifrutigranjeiros, caso ocorram geadas. Do contrário, os preços desses produtos podem até cair. Com relação às tarifas públicas, Heron espera um reajuste para energia elétrica de cerca de 10%, com impacto de 0,44 ponto porcentual na inflação. O aumento de energia elétrica ainda não foi definido. Para o economista, as empresas do setor devem estar esperando que o dólar suba ainda mais para que tenham ganhos maiores no reajuste das tarifas. Quanto ao aumento nos preços da telefonia fixa, na Fipe ele foi de 9,2%, com impacto de 0,21 ponto sobre o IPC, que será dividido em dois meses.

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