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Fiscais agropecuários extrapolam ao fazer greve, diz Abipecs

Representantes dos exportadores e produtores de frangos e suínos se reuniram hoje, por mais de uma hora, com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em Brasília. Eles relataram ao ministro a preocupação com a continuidade da greve.

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 2.500 fiscais federais agropecuários entraram em greve ontem em todo o País. O vice-presidente da Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa), Wilson Roberto de Sá, disse que entre as reivindicações dos grevista está o aumento do salários dos técnicos do primeiro nível, de R$ 2.800 para R$ 4.140. Para os técnicos do último nível da carreira, a Associação defende aumento de R$ 4.021 para R$ 5.900. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo Neto, condenou o movimento. Segundo ele, os fiscais agropecuários "extrapolaram" ao paralisar suas atividades numa greve em tempo indeterminado. Representantes dos exportadores e produtores de frangos e suínos se reuniram hoje, por mais de uma hora, com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, em Brasília. Eles relataram ao ministro a preocupação com a continuidade da greve. "A produção é um ciclo e os frangos e suínos precisam ser abatidos e destinados ao mercado externo. Os armazéns frigoríficos estão lotados", disse Camargo Neto. Ele lembrou que no caso do frango alguns importadores, como o mercado saudita, só aceitam as aves com peso máximo. No caso da Arábia Saudita esse peso é de 900 gramas. Sem os fiscais para inspecionar a carga e os abates, os lotes destinados a esse mercado terão que ser remetidos para outros. Camargo lembrou ainda que a lei do serviço público determina que 30% dos fiscais trabalhem em caso de greve. "Ao descumprir a lei os fiscais perdem o apoio que sempre tiveram do setor exportador", disse. Camargo Neto disse ainda que a alternativa é entrar com pedidos de liminar para que o trabalho dos fiscais seja feito. Segundo ele, as empresas do Sul já conseguiram essa autorização judicial e, se a greve persistir, uma saída é estadualizar as funções dos fiscais agropecuários. Ele não falou em prejuízos mas disse que haverá perda já a partir de amanhã. Para exemplificar os possíveis problemas que uma greve prolongada pode trazer, Camargo Neto disse que no porto de Itajaí (SC) o espaço para estacionamento de carretas carregadas com produtos agropecuários já está todo ocupado e não há previsão de liberação. Primeiro dia de greve A greve paralisou totalmente as atividades do Laboratório Nacional Agropecuário de Campinas (SP), que segundo a Anffa é o mais bem montado centro do País para análise animal. A Associação informou que ontem no Rio Grande do Sul, no primeiro dia de greve, houve retenção de 214 operações de importação e de 14 de exportação. No Rio de Janeiro, estão suspensas a inspeção e a fiscalização de madeira no aeroporto internacional, e no porto os fiscais não trabalharam. Em Santa Catarina, três portos, postos de fronteira e aeroportos registram paralisação total dos trabalhos dos fiscais. No Espírito Santo, houve paralisação na exportação de mamão e apenas um dos fiscais com função gratificada não colocou o cargo à disposição do Ministério da Agricultura. Em Mato Grosso, está paralisada a certificação internacional e nacional nos frigoríficos - foi mantida apenas a inspeção de animais. Em Mato Grosso do Sul, os fiscais mantêm as atividades de controle da febre aftosa. No estado do Paraná, ainda de acordo com a Associação, o atendimento dos assuntos relacionados à febre aftosa e à inspeção de cargas perecíveis também foi mantido, mas os fiscais não estão trabalhando no porto de Paranaguá e em Foz do Iguaçu. E em São Paulo funcionam apenas os serviços essenciais de vigilância e prevenção da febre aftosa.

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