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Fitch aponta recuo em onda de upgrades na nota de emergentes

Agência cita queda no crescimento e pressões políticas como causas para estabilidade nos ratings a partir de agora

Por Fernando Nakagawa , CORRESPONDENTE e LONDRES
Atualização:

A agência de classificação de risco Fitch Ratings informou ontem em relatório que a tendência de melhora das avaliações de países emergentes vista desde 2010 "parece ter diminuído". No documento, a agência afirma que novas mudanças de rating serão, a partir de agora, mais determinadas por aspectos locais e menos pela tendência global."O forte movimento de melhora dos ratings soberanos de países emergentes registrado desde 2010 parece ter diminuído com muitos países enfrentando mais desafios para o crescimento econômico, dificuldades de escolha nas políticas internas e pressões políticas", diz o documento, citando que atualmente há 12 países emergentes com viés negativo, 7 com perspectiva positiva e 47 têm tendência da nota estável.No grupo maior está o Brasil, que hoje conta com nota BBB e viés estável pela Fitch. No documento, a agência não faz nenhum comentário sobre uma eventual atualização da nota brasileira.Ao citar a expectativa de tendência para todos os emergentes, a Fitch afirma "esperar que futuras mudanças de classificação de emergentes tendam a ser mais influenciadas por fatores específicos de cada país do que por uma tendência macroglobal". "No primeiro semestre, o saldo de atualizações entre melhoras e pioras foi ligeiramente inclinado para o lado positivo", diz o relatório.Entre os upgrades do período, estão Lituânia, México, Filipinas, Tailândia e Uruguai. Do outro lado, Egito, Jamaica e África do Sul tiveram algum tipo de queda da nota soberana - seja em moeda estrangeira ou local- no período. Efeito Fed. A agência avaliou ainda que a provável mudança na política monetária nos Estados Unidos "adiciona preocupação" para os emergentes. Para os analistas da agência, o principal risco está na redução do crescimento, redução dos preços das commodities e estabilidade financeira na China. Apesar desse alerta, os analistas da Fitch dizem que não preveem sofrimento generalizado pelas economias em desenvolvimento.A agência diz que os países emergentes mais vulneráveis são aqueles com contas externas frágeis. Para a Fitch, esses mercados serão os maiores prejudicados, entre os emergentes, pela possível retirada dos estímulos à economia americana. "A perspectiva para o Fed aumenta os riscos para emergentes mais fracos, como aqueles com grande necessidade de financiamento externo e baixas reservas internacionais ou vulnerabilidade estrutural", diz a Fitch, ao citar o câmbio, excesso de dívida de curto prazo e dependência de credores internacionais como áreas vulneráveis.

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