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Fitch: piora externa pode atrasar grau de investimento

Por Daniela Milanese
Atualização:

O diretor da agência de classificação de risco de crédito Fitch Ratings no Brasil, Rafael Guedes, afirmou hoje que a piora no ambiente financeiro externo, com a crise no mercado de crédito de risco (subprime) norte-americano, pode retardar a obtenção do grau de investimento pelo Brasil. Segundo ele, o País se beneficiou bastante nos últimos anos de um cenário internacional favorável, aliado ao bom gerenciamento interno. Por outro lado, Guedes avalia que o grau de investimento não depende somente da situação internacional, portanto o País precisa "fazer a lição de casa". Apesar de considerar que os números brasileiros estão positivos atualmente, ele disse que a Fitch aguarda principalmente melhora na relação entre dívida bruta e PIB, além de um crescimento sustentável do País. Caso a economia brasileira consiga continuar avançando por um período de tempo, Guedes considera que a "dinâmica da dívida vai mudar totalmente". A Fitch trabalha com um cenário base de crescimento de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para os anos de 2007, 2008 e 2009. Em maio de 2007, a nota da agência de risco para o País passou a ter a perspectiva estável. Essa classificação indica que a probabilidade de o rating permanecer no mesmo patamar por um período de até dois anos é maior do que 50%. "Isso não quer dizer, no entanto, que a nota não possa ser alterada antes disso", afirmou. Bancos O diretor da Fitch Ratings especializado no setor bancário, Peter Shaw, avalia que os bancos brasileiros "estão razoavelmente preparados para enfrentar a crise do subprime". "No curto prazo, estamos confortáveis. Mas no médio prazo é difícil prever", afirmou. "Tudo depende da duração da aversão ao risco." Shaw acredita que ainda haverá notícias negativas sobre perdas com contabilização de ativos de alto risco de inadimplência (subprime) nos Estados Unidos. Para ele, os bancos nacionais contam com o crescimento do mercado doméstico, mas a liquidez internacional é o "xis da questão". Segundo o diretor da Fitch, no atual contexto, conta favoravelmente o fato de os bancos no Brasil, assim como no México e no Chile, terem baixa dependência de fundos internacionais. Shaw lembrou que as instituições nacionais têm usado o mercado de capitais para se financiar, não só com a emissão de ações pelos bancos médios, como também de debêntures para leasing. "O risco é o crédito parar de crescer e a inadimplência piorar", disse, há pouco. O executivo lembrou que o consignado, veículos e consumo têm sido os motores do crédito no País. Entre esses três, o financiamento ao consumo é a faixa mais exposta à inadimplência. Shaw participou hoje do 6º Seminário Febraban de Economia, em São Paulo, cujo tema era "O futuro do sistema bancário e do mercado de capitais no Brasil e no mundo".

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