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Fitch reafirma nota de crédito da Petrobrás em BBB-, com perspectiva negativa

Após rebaixar a nota do Brasil, agência manteve a classificação da estatal no atual patamar; perspectiva negativa, no entanto, indica a possibilidade de um rebaixamento no futuro; outras empresas foram rebaixadas

Por Danielle Chaves e Gabriel Bueno
Atualização:

Atualizado às 16h20

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A agência de classificação de risco Fitch reafirmou o rating em moeda estrangeira e local da Petrobrás em BBB-, com a perspectiva negativa. A decisão é anunciada após o rebaixamento do rating do Brasil nesta quinta-feira, 15, de BBB para BBB-, também com perspectiva negativa.

De acordo com a Fitch, os ratings da Petrobrás estão apoiados pela importância estratégia da companhia para o Brasil, por sua posição de liderança no mercado doméstico de energia do País e por sua reconhecida expertise em exploração e produção offshore.

Ratings da Petrobrás são apoiados pela importância estratégia da companhia para o Brasil, diz a Fitch Foto: Estadão

Por outro lado, pesa sobre a nota da empresa suas "métricas de proteção de crédito fracas", a "exposição à interferência política local" e a "vulnerabilidade de longo prazo a flutuações nos preços das commodities internacionais", bem como o risco pelas mudanças no câmbio e o fato de que sua receita se concentra no mercado doméstico. "As métricas de crédito da Petrobrás devem permanecer fracas ao longo dos próximos dois ou três anos, devido a seus altos níveis de endividamento e aos preços deprimidos dos hidrocarbonetos globais", diz a Fitch. "A perspectiva negativa reflete a perspectiva negativa para o rating soberano do Brasil."

Na avaliação da agência, as métricas de crédito da companhia não são consistentes com outras grandes companhias privadas do setor de petróleo e gás que têm grau de investimento. A companhia reportou uma dívida financeira total de aproximadamente US$ 134 bilhões, de acordo com o comunicado da Fitch.

O fluxo de geração de caixa da empresa deve permanecer sob pressão, diante da desvalorização do real e da queda nos preços do petróleo, apesar da alta recente no preço e da redução de despesas de capital. A alta no preço foi apontada pela agência como "marginalmente positiva", já que demonstra a capacidade da Petrobrás de ajustar os preços para cima, mesmo em períodos de desaceleração econômica no Brasil e de queda global nos preços do petróleo. A redução nos investimentos de capital pode reduzir um pouco a pressão sobre o fluxo de caixa da empresa, mas ainda não está claro qual seu impacto para o crescimento da produção no longo prazo.

A Fitch acredita que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Petrobrás pode cair de um nível anualizado de aproximadamente US$ 27,9 bilhões no primeiro semestre para um patamar anualizado de US$ 23,5 bilhões no segundo semestre desde ano, no câmbio atual de quase R$ 4 por dólar e após a alta nos preços. A agência diz que a atual diferença de preços entre os produtos domésticos e o mercado internacional "é insustentável no longo prazo", esperando que essa diferença diminua com o tempo, eliminando ganhos temporários. "A Petrobrás atualmente se beneficia dos preços baixos do petróleo internacional, já que é um importador líquido", aponta a agência.

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A alavancagem da empresa, medida pela relação entre a dívida total e o Ebitda, deve permanecer superior a 5x no médio prazo e recuar apenas se o plano de venda de ativos for bem-sucedido.

A Fitch ainda aponta que o potencial para crescimento da produção da empresa diminui ao longo do último ano, como resultado do escândalo de corrupção e de reduções forçadas nos gastos de capital. A agência acredita que a produção bruta da companhia aumente para aproximadamente 3,1 milhões de barris de petróleo equivalente ao dia ao longo dos próximos dois ou três anos, mantendo-se relativamente estável ao longo dos dois anos seguintes. A Fitch avalia que há "vários desafios" para que a Petrobrás atinja suas metas, como o impacto do escândalo de corrupção em sua cadeia do fornecedores, compromissos com o uso de conteúdo local e a obtenção de financiamento externo para rolar dívidas.

Outras empresas. A Fitch também anunciou mudanças nos ratings de algumas companhias brasileiras em seguida ao downgrade da nota de crédito soberana do Brasil anunciado pela manhã. "Os ratings em moeda estrangeira das empresas abaixo podem ser negativamente afetados por uma ação negativa sobre o rating soberano do Brasil ou sobre o teto-país", afirmou a Fitch em comunicado.

Seguem abaixo as ações de ratings anunciadas:

- Cielo S.A.: ratings IDR em moeda estrangeira e local rebaixados de BBB+ para BBB. Perspectiva revisada de estável para negativa.

- Globo Comunicação e Participações S.A.: rating IDR em moeda estrangeira rebaixado de BBB+ para BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB+, com perspectiva estável.

- Itaipu Binacional (Itaipu): ratings IDR em moeda estrangeira e local rebaixados de BBB para BBB-, com perspectiva negativa.

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- Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A.: rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB, com perspectiva estável.

- BRF S.A.: rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB, com perspectiva estável.

- Localiza Rent a Car S.A. (Localiza): rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB, com perspectiva estável.

- Raizen Energia S.A.: rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB, com perspectiva estável.

- Raizen Combustíveis S.A.: rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB, com perspectiva estável.

- Samarco Mineração S.A. (Samarco): ratings IDR em moeda estrangeira e local reafirmados em BBB.

- Tractebel Energia S.A. (Tractebel): rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB, com perspectiva estável.

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- Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.: rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local reafirmado em BBB, com perspectiva estável.

- Vale S.A.: rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB+ e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local em BBB+, com perspectiva estável.

- Votorantim Cimentos S.A.(VCSA): rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa.

- Votorantim Participações S.A. (Votorantim): rating IDR em moeda estrangeira reafirmado em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa. Rating IDR em moeda local em BBB, com perspectiva estável.

- Votorantim Industrial S.A. (VID): rating IDR em moeda estrangeira em BBB e perspectiva revisada de estável para negativa

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