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Fluxo cambial é nebuloso em 2016

Pela primeira vez em três anos a entrada líquida de recursos externos no País (US$ 25,486 bilhões no mercado comercial, incluindo operações já contratadas) superou em US$ 9,414 bilhões as saídas no segmento financeiro (englobando investimentos diretos, aplicações em títulos ou ações, remessas de lucros e dividendos e outros itens da conta de Serviços e Rendas), que deixaram saldo negativo de US$ 16,072 bilhões, como informa o Banco Central (BC).

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Por Redação
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É um bom resultado, mas está longe de ser motivo para comemoração. Com a perda do grau de investimento pelo País – o que dificulta o ingresso de investimentos diretos e de aplicações em renda fixa e ações e, além disso, encarece novos empréstimos –, o Brasil torna-se mais dependente de um forte fluxo positivo na balança comercial para manter o setor externo em ordem daqui por diante.

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De fato, em dezembro de 2015, provavelmente já em decorrência da decisão da Fitch Ratings, a segunda agência de classificação de risco a retirar o grau de investimento do País, o fluxo de recursos no mercado comercial (US$ 7,124 bilhões) foi inferior em US$ 2,136 bilhões ao déficit da conta financeira, que alcançou nada menos que US$ 9,270 bilhões, mais da metade em todo o ano de 2015. Por certo, esse movimento foi também influenciado pela decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), de dar início a um ciclo de alta de juros nos EUA.

Apesar de tudo, alguns analistas ponderam que o mercado brasileiro continua atraente para aplicações em renda fixa, estando a taxa básica de juros em 14,25%, podendo vir a ser elevada ainda este mês pelo Copom. Além disso, com a cotação do dólar em torno de R$ 4,00, as ações de empresas brasileiras estão ainda mais baratas, o que pode atrair investidores do exterior.

É essencial que o País obtenha um saldo comercial robusto em 2016 – os otimistas estimam que pode alcançar US$ 35 bilhões. Como o BC prevê que o déficit em transações correntes em 2016 baixe para US$ 41 bilhões, 33,87% abaixo do projetado para 2015 (US$ 62 bilhões), a necessidade de recursos externos será bem menor.

Contudo, o comportamento da balança vai depender de cotações mais favoráveis de commodities, o que não parece provável, e de maior ímpeto nas exportações de produtos industriais. Nesse sentido, a recessão pode ajudar, mantendo deprimidas as importações.

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