08 de janeiro de 2017 | 07h23
Em dezembro, a conta financeira registrou uma saída líquida de US$ 9,0 bilhões, o que pesou muito no resultado. Como se sabe, ao término de cada ano, muitas empresas multinacionais costumam retornar aplicações às suas matrizes para efeito de balanço. Em boa parte, essa saída foi compensada pelo saldo positivo do fluxo comercial, de US$ 7,92 bilhões, de modo que o resultado negativo do último mês do ano foi de US$ 1,09 bilhão.
Estando o País numa situação cambial confortável, com reservas de mais de US$ 370 bilhões, o fluxo cambial negativo em 2016 é episódico e não causa problemas. A questão é saber se o País voltará a atrair os recursos externos de que necessita para retomar o crescimento.
Verifica-se que o grande volume de saídas está ligado a investimentos financeiros diversos, não a investimentos estrangeiros diretos (IEDs), isto é, o capital que vem para ficar, usado para adquirir participação em empresas nacionais para financiar novos empreendimentos e que tem afluído em volume expressivo. Até novembro, os IEDs somavam US$ 46,8 bilhões e a previsão do Banco Central é de, em todo o ano passado, totalizar US$ 54,2 bilhões.
A expectativa é de que, em 2017, com o Programa de Parcerias de Investimento (PPI), os IEDs venham a crescer bastante, pois é extenso o leque de obras a serem leiloadas. Quanto às aplicações financeiras, o que se observa é que elas começam a retornar, atraídas pelos bons rendimentos internos.
É claro que essas aplicações são voláteis e podem ser influenciadas por decisões futuras sobre os juros americanos, repercussões da política econômica a ser adotada pelo governo de Donald Trump, bem como por problemas políticos internos nacionais. Contudo, não é irrealista prever que, assim que o Brasil sair da recessão e com a continuidade das reformas, a entrada de recursos externos possa aumentar num ambiente mais aberto.
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