Com a aprovação da reforma da Previdência no Congresso e o megaleilão de petróleo do pré-sal, o Banco Central espera que o fluxo de dólares para o Brasil aumente nos próximos meses. A visão é de que estes fatores podem favorecer a entrada de Investimento Direto no País (IDP) e de aportes de outros tipos, o que vai ter impacto nas cotações do dólar.
Marcado para o dia 6 de novembro, o megaleilão do óleo excedente da cessão onerosa prevê pagamentos de R$ 106,6 bilhões ao governo de bônus de assinatura por parte dos vencedores da disputa. Uma parcela vai para a Petrobrás.
De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a perspectiva é de ingresso significativo de dólares no Brasil com o leilão: “Além disso, as companhias estrangeiras montam empresas no País, e isso pode aumentar a entrada de IDP”.
O IDP representa o investimento feito por estrangeiros no setor produtivo. Dados do BC divulgados ontem mostram que o IDP somou US$ 6,31 bilhões em setembro. No acumulado de janeiro a setembro, a cifra já chega a US$ 47,52 bilhões.
A aprovação da reforma da Previdência também tende, conforme Rocha, a favorecer a entrada de moeda estrangeira no País. Na prática, com o problema da Previdência superado, estrangeiros podem se sentir mais confortáveis para aplicar recursos em ativos brasileiros, como ações e títulos.
Se o fluxo de dólares para o Brasil aumentar, isso pode reduzir as cotações da moeda americana. Ontem, o dólar à vista fechou o dia com leve alta de 0,29%, aos R$ 4,0446. O valor já está distante do pico verificado em setembro, quando o dólar à vista chegou a oscilar na faixa dos R$ 4,18.
Viagens internacionais
Com o dólar turismo ainda em patamares mais altos, os gastos dos brasileiros com viagens internacionais seguem contidos. Em setembro, conforme o BC, as despesas líquidas no exterior somaram US$ 938 milhões. O valor reflete os gastos de brasileiros em outros países, já descontadas as despesas de estrangeiros no Brasil. No acumulado do ano até setembro, as despesas líquidas somam US$ 8,81 bilhões, abaixo dos US$ 9,36 bilhões do mesmo período de 2018.
Já as transações correntes do Brasil com outros países foram deficitárias em US$ 3,49 bilhões em setembro. No ano, o rombo está em US$ 34,06 bilhões. O aumento no rombo foi de 83,4% na comparação com o mesmo período de 2018, quando foi registrado resultado negativo de US$ 18,566 bilhões.
Estas cifras refletem a relação do Brasil com outros países nas áreas comercial (exportações menos importações), de serviços (viagens, seguros e aluguéis, entre outros) e de renda (pagamentos de juros e envios de recursos).