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FMI alerta para gasto excessivo na América Latina

Por LESLEY WROUGHTON
Atualização:

As economias da América Latina se tornaram mais resistentes à turbulência global, mas muitos países podem assistir a uma rápida reversão dos superávits fiscais se não reduzirem os gastos, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI), nesta sexta-feira. No relatório mais recente sobre as perspectivas para o hemisfério ocidental, o FMI alertou que, se o crescimento dos gastos seguir a uma taxa média de 8 a 10 por cento, a região provavelmente vai voltar a ter déficits primários em dois a três anos mesmo que a receita continue nos níveis atuais. "Para criar as condições para maiores gastos de capital e para estabilizar os balanços fiscais, o crescimento dos gastos correntes precisa ser cortado e melhor direcionado, particularmente para gastos sociais com foco na redução da pobreza", afirmou o FMI. "Se o crescimento dos gastos não diminuir, os balanços fiscais vão se desgastar rapidamente e a região pode voltar rapidamente a registrar déficits primários." Anoop Singh, diretor do FMI para o Departamento do Hemisfério Ocidental, não quis comentar o excesso de gastos de cada país, dizendo que esses detalhes serão tratados em encontros do fundo com os próprios países. Ainda assim, o FMI afirmou que a região está usufruindo de um ciclo de crescimento que já dura cinco anos e parece prestes a superar outros momentos históricos. "O que é diferente dessa vez é que os fundamentos macroeconômicos estão fortes", disse Singh. Mas os modelos mostraram que se os Estados Unidos sofrerem uma recessão, com alta dos spreads corporativos para cerca de 700 pontos-básicos e queda das taxas de juros de curto prazo, a região vai ter seu crescimento seriamente afetado. Isso não levaria, porém, a uma forte recessão, informou o FMI. Segundo esse cenário, a previsão para o crescimento trimestral anualizado na América Latina caiu de 5,25 por cento no segundo trimestre deste ano para cerca de 4,5 por cento no final do ano, seguido de uma queda mais acentuada para 1,8 por cento no terceiro trimestre de 2008. De acordo com esse modelo, os preços das commodities cairão, refletindo o menor crescimento global, em cerca de 20 por cento entre o final de 2007 e a metade de 2008, quando começariam a se recuperar.

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