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FMI concede alívio à Argentina e permite rolagem da dívida

Por Agencia Estado
Atualização:

O Fundo Monetário Internacional (FMI) decidiu conceder um certo alívio à Argentina e permitiu a rolagem da dívida de US$ 980 milhões que o governo do presidente Eduardo Duhalde teria de honrar com o organismo financeiro no dia 17 de julho. A dívida foi rolada por um ano. Enquanto isso, sem o peso dos vencimentos de uma conta que não sabia como poderia pagar, o governo Duhalde continuará negociando com o FMI o fechamento de um acordo, esperado desde março deste ano. Depois do alívio do adiamento do compromisso de US$ 1 bilhão com o FMI, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, tentará obter a rolagem da dívida de US$ 750 milhões que possui com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com vencimento no dia 15 de julho. Desta forma, Lavagna retornará vitorioso no domingo a Buenos Aires, depois de ter vencido o desafio de evitar que o país entrasse em default com os organismos financeiros internacionais. No entanto, o acordo definitivo com o FMI ainda está pendente. Na semana que vem uma missão técnica do Fundo irá a Buenos Aires para continuar a análise da situação financeira do país. Só depois viria uma missão negociadora, que elaboraria a nova carta de intenções da Argentina. Analistas na capital argentina consideram que a vitória de Lavagna não foi por méritos próprios, mas pelo temor que começou a crescer dentro do FMI com a possibilidade de que o contágio da crise fosse exportada inexoravelmente para todos os países da América Latina, sem chances de cura. Gota d?água Além disso, também teriam impressionado os integrantes do FMI as cenas de protestos de desempregados tentando entrar na cidade de Buenos Aires para marchar em direção à Casa Rosada, a sede do governo. A gota d´água teriam sido as mortes de dois desempregados, assassinados pela polícia, durante as manifestações. A vitória de Lavagna não foi total, já que a idéia original do ministro era a de conseguir que o FMI e os outros organismos financeiros internacionais como o BID e o Banco Mundial (Bird) permitissem a rolagem da dívida de todo este ano e do ano que vem para 2004. Desta forma, o país ficaria livre do peso do pagamento de US$ 18 bilhões por dois anos. O temor era de que o FMI não concedesse alívio algum e que desta forma o cenário fosse o pior de todos, ou seja, o do default com os organismos financeiros. Mas o que Lavagna finalmente conseguiu foi a opção intermediária. Falando neste sábado de Washington a rádios argentinas, Lavagna sustentou que o governo continuará com o atual programa monetário e cambial. O ministro explicou que o FMI reconheceu que as características da crise argentina são muito peculiares e que "ninguém pode dizer qual poderia ser o melhor programa". Conselho Comentando a criação de um conselho mundial de especialistas para assessorar o governo argentino, Lavagna tentou minimizar a notícia, afirmando que esse grupo será somente de "monitoração". O ministro também sustentou que com a possibilidade do fechamento de um acordo em breve, "o dólar tenderá a cair". Nos últimos dias, a cotação da moeda americana chegou a ultrapassar quatro pesos. O porta-voz do presidente Duhalde, Eduardo Amadeo, afirmou que a rolagem de parte da dívida e o anúncio da vinda, na semana que vem, de uma missão técnica do FMI "é algo que nos conduzirá" a um acordo com o Fundo. Segundo Amadeo, "o problema central" das negociações com o FMI referem-se à "dificuldade de encontrar uma solução aos problemas dos bancos e do setor financeiro". Amadeo comemorou a decisão da rolagem da dívida, afirmando que o governo tirou de cima dos ombros "um assunto que atinge o nível de reservas e sua relação com o mundo".

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