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FMI dá um ano à Argentina para pagamento de dívida

Por Agencia Estado
Atualização:

A pedido do governo argentino, o Fundo Monetário Internacional aprovou a prorrogação, por um ano, do prazo de pagamento de um crédito de US$ 934 milhões, que vence amanhã. O empréstimo foi concedido em janeiro do ano passado, como parte de um pacote financeiro montado numa frustrada operação para revitalizar a economia argentina. Essa parcela foi concedida sob o Programa de Suplementação de Reservas, que prevê o pagamento num prazo inicial de um ano, prorrogável por até 18 meses. Os juros são de 3% acima do custo dos recursos regulares do FMI, ou "stand-by", atualmente em pouco mais de 3% ao ano. Trata-se do dinheiro mais caro do Fundo. Com a extensão do prazo, a Argentina pagará um adicional de 0,5% sobre o saldo devedor a partir de amanhã, mais 0,5% a partir de julho. O custo adicional da opção de ampliar o prazo máximo do vencimento dependerá da velocidade com que a Argentina pagar a parte relativa aos juros, ao longo dos próximos doze meses. O entendimento entre o FMI e a Argentina sobre a extensão do prazo de pagamento dessa parte da dívida com a instituição é a primeira confirmação concreta da disposição do governo Duhalde de preservar suas relações com a instituição, e removeu um importante obstáculo potencial para o aprofundamento do diálogo de Buenos Aires com as instituições multilaterais. No momento mais agudo da crise, entre o Natal e o Ano Novo, chegou-se a temer que o país incluísse os credores oficiais no calote da dívida externa. Isto nunca aconteceu com um país do porte econômico da Argentina. O ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, reiterou esta semana que a Argentina honrará seus compromissos com essas instituições. Além do FMI, elas incluem o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Mundial. Os pagamentos da Argentina às três agências multilaterais representarão perto de 25% do total do serviço da dívida pública externa do país, neste ano e em 2003. No ano passado, essa proporção foi de 10%. O governo já anunciou a suspensão dos pagamentos aos credores privados. Antes da prorrogação do pagamento ao FMI, a Argentina tinha um total de US$ 6 bilhões, em juros e principal, a pagar à instituição em 2002. O débito com o Banco Interamericano de Desenvolvimento é de aproximadamente US$ 2,2 bilhões. Buenos Aires tem um montante semelhante a saldar, este ano, com o Banco Mundial. Se o governo Duhalde adotar um programa econômico que satisfaça às condições já apresentadas pelo FMI, os novos créditos que obtiver do próprio Fundo, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e do Banco Mundial, como parte de um novo acordo, serão destinados, em primeiro lugar, ao pagamento desses débitos da Argentina com as três instituições. A Argentina não tem, no momento, nenhum pagamento em atraso com os dois bancos multilaterais de desenvolvimento. Comunicado De acordo com o comunicado do FMI, os tomadores de empréstimo podem ser beneficiados pelo período de carência "se o pagamento causasse dificuldades indevidas e desde que o tomador tome medidas para fortalecer seu balanço de pagamentos". Em nota, o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, disse que a decisão de prorrogar o prazo "mostra o desejo do Fundo de ajudar a Argentina".Leia o especial

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