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FMI elogia alta de juros no combate à inflação no Brasil

Inflação já começou a cair, mas, se for necessário, decisão de subir juros será acertada, diz Fundo

Por Nalu Fernandes e da Agência Estado
Atualização:

No dia em que os índices de inflação mostraram recuo dos preços, o Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou a decisão do Brasil de elevar as taxas de juros para conter a escalada dos preços e considerou apropriada a intenção do País de restringir mais o juro se for necessário. O elogio do FMI foi estendido também às políticas fiscal e social no Brasil. Veja também: Índices mostram que inflação começa a ceder IPCA desacelera a 0,53% em julho ajudado por alimentos Entenda os principais índices  De olho na inflação, preço por preço  As conclusões do Fundo são o resultado de pesquisas feitas por membros da instituição durante 30 dias e encerradas em 11 de julho. O resultado foi apresentado apenas nesta sexta-feira, 8. No parecer dos técnicos, o panorama econômico do País nos últimos anos - avaliado como de "crescimento vigoroso com baixa inflação" - é resultado de "políticas macroeconômicas sólidas num contexto de condições externas favoráveis". O FMI destaca ainda que a redução da vulnerabilidade do País, graças ao declínio na relação dívida pública líquida/PIB, à melhora na composição da dívida pública, ao alongamento dos vencimentos e ao acúmulo de "um nível confortável de reservas internacionais". O Fundo reitera a projeção de crescimento do PIB "em torno de 5% em 2008" e acrescenta que o regime de taxa de câmbio flexível tem produzido bons resultados para o País. Além disso, segundo o documento, a forte valorização do real contribuiu para conter a inflação. "O Brasil está numa posição mais sólida do que no passado para enfrentar choques na conjuntura externa, o que foi reconhecido recentemente com a reclassificação do risco soberano do país como grau de investimento", diz o relatório dos técnicos do Fundo. Veja os demais pontos tratados pelo relatório do FMI: Inflação e commodities Os diretores do Fundo acrescentaram ao parecer dos técnicos que a pressão inflacionária no País vai além dos choques de commodities. "O Brasil deve conter o crescimento da demanda interna", diz o documento. De acordo com o estudo, a inflação está alta devido ao aumento nos preços dos alimentos e ao forte crescimento da demanda interna. Neste sentido, os diretores-executivos do Fundo Monetário Internacional avaliam como acertada a elevação da meta de superávit primário em 2008 e acrescentam que um aperto das finanças públicas no Brasil "ajudaria a aliviar a pressão sobre a política monetária". Sobre as contas externas, o FMI cita a deterioração recente no balanço de pagamentos e projeta déficit em conta corrente em 2008 depois de cinco anos consecutivos de superávit. Política social Os diretores ainda elogiaram as políticas sociais do País "que contribuíram para o forte declínio das taxas de pobreza nos últimos anos. O FMI cita que "a pobreza e a desigualdade diminuíram, como resultado das sólidas políticas sociais. Além disso, um dos pilares da política macroeconômica do governo tem sido a ênfase das autoridades no crescimento mais elevado e sustentável, com o respaldo do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)", completa o documento do Fundo. Reformas Os diretores do FMI consideraram "bem-vindo" o plano de reforma tributária e insistem para que o Brasil acelere e aprofunde a agenda de reformas estruturais "para aumentar a competitividade do País e dar um novo estímulo ao investimento privado". Alguns diretores assinalaram a importância de se adotar medidas para impulsionar a reforma da Previdência Social como forma de melhorar a situação fiscal a longo prazo, bem como melhorar o ambiente de negócios e a qualidade e a eficiência da política fiscal. Reservas e Fundo Soberano O Fundo destaca "o êxito do Banco Central em acumular um nível confortável de reservas internacionais" e recomenda que o País analise cuidadosamente o formato e a finalidade do Fundo Soberano Brasileiro (FSB). A recomendação é que os recursos do FSB "sejam utilizados de tal forma a não aumentar direta ou indiretamente as pressões sobre a demanda interna", destaca. Segundo os diretores do FMI, a transparência das operações do fundo é essencial para manter a confiança na política macroeconômica, inclusive na área de operações cambiais, que deveria ser coordenada cuidadosamente com o Banco Central. "Para vários diretores, os recursos disponíveis seriam melhor empregados na redução do ainda elevado nível de endividamento público do país", cita o documento. Riscos Ao citar "forte expansão do crédito ao setor privado" no País, o FMI acrescenta que é positivo o aprofundamento dos mercados de crédito, mas alerta que "há sinais de deterioração nos critérios para concessão de crédito em alguns segmentos, principalmente cartões de crédito e empréstimos para a compra de veículos" no Brasil. O FMI observa ainda que o crédito ao setor privado está crescendo a taxas anuais acima de 30%, nos últimos meses, e destaca que o crédito ao consumidor "vem crescendo a taxas ainda mais altas". Segundo o FMI, a taxa média de inadimplência é "relativamente baixa, mas continua elevada no caso do crédito ao consumidor". O Fundo acrescenta também que os custos financeiros do sistema bancário aumentaram nos últimos meses, em linha com a elevação da Selic, as mudanças nas regras do compulsório "para eliminar brechas", e a forte demanda de crédito, incluindo um maior número de empresas brasileiras que passaram a utilizar o mercado doméstico em vez do crédito internacional.

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