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FMI está pronto para o novo presidente do Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, disse, nesta segunda-feira, que está "pronto para se encontrar com qualquer candidato ou com o presidente eleito (...) e ter um diálogo direto com ele?: ?Tão logo ele queira encontrar-se comigo (...) e iniciar o diálogo". Acompanhado por sua vice, Anne Krueger, e pelo diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental, Anoop Singh, em café da manhã que ofereceu a jornalistas brasileiros e argentinos, Köhler disse que "o Fundo está preparado para cooperar plenamente com qualquer governo que o povo brasileiro escolher para representá-lo". ?Tranqüilidade? Num sinal da tranqüilidade que os altos escalões do FMI parecem determinados a transmitir sobre a possível vitória do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, Krueger afirmou: "Não me surpreenderei se o novo presidente escolher seguir as políticas (econômicas do atual governo), se os mercados se tranqüilizarem e a retomada econômica do Brasil acontecer mais cedo do que muita gente pensa". Köhler reforçou a mensagem. Ele previu que o País vencerá a crise de confiança que enfrenta no mercado de capitais sem ter que reestruturar sua dívida - "porque não precisa" - e retomará uma taxa vigorosa de crescimento econômico. Mas os dirigentes do FMI apontaram, também, alguns perigos e um possível desafio adicional para o próximo governo. Inflação Köhler desaconselhou a idéia de o Fundo vir a aceitar uma taxa de inflação mais elevada no Brasil e na América Latina, para permitir uma maior taxa de crescimento, afirmando que isso foi testado, com maus resultados, pelo ex-chanceler da Alemanha (seu país de origem), Helmut Schmidt, "com quem trabalhei e por quem tenho grande admiração". Schmidt "produziu uma fórmula, no fim dos anos 70, que dizia que um pouco mais de inflação é melhor do que um pouco mais de desemprego", disse Köhler. "O resultado é que tivemos mais inflação e mais desemprego na Alemanha, e a fórmula não funcionou." ?Desfecho positivo? Krueger reiterou que está convencida da viabilidade de um desfecho positivo no Brasil, no qual a situação se estabilize depois das eleições ou da posse do próximo presidente. Mas ela afirmou que o acordo entre o Brasil e o FMI contempla a possibilidade de um maior aperto fiscal. "No programa, está dito que, se houver necessidade de um aumento do saldo primário, porque nós o estimamos mal, isso teria que acontecer; de modo que poderíamos reavaliar isso, mas eu penso que temos uma certa margem desses números." Respondendo a pergunta da Agência Estado, ela indicou também que um desfecho negativo não afetaria de forma significativa o FMI. "A maior parte dos desembolsos (do empréstimo de US$ 30 bilhões concedido ao País) virá depois que houver um presidente eleito ou um novo presidente", disse. "Em termos da arquitetura financeira internacional, não consigo pensar como isso (uma evolução negativa no Brasil) teria efeito." Conselho à imprensa Ambos foram enfáticos ao reafirmar sua confiança na capacidade de o País atravessar a crise. E Anoop Singh sugeriu que a imprensa deve focalizar o desfecho positivo e não o negativo. "Eu acho que vocês deveriam considerar e dar publicidade aos enormes lucros que haverá para o Brasil e para o povo brasileiro se houver um desfecho positivo." Köhler voltou a dizer que a situação do Brasil foi complicada, recentemente, não pela qualidade de suas políticas econômicas, mas "pelo desejo dos investidores de (ter) claras indicações sobre a continuidade das políticas econômicas pelo próximo governo". "O novo acordo do Brasil com o FMI procura dar essa garantia aos investidores, e a confiança dos investidores claramente melhorou depois que os principais candidatos indicaram seu apoio aos elementos centrais do programa." "Os mercados financeiros provavelmente permanecerão voláteis - isso é um dado da realidade - até que as incertezas da transição política sejam resolvidas. Mas nós esperamos um retorno de condições mais normais no mercado após a transição ser completada", disse Köhler. Já Anne Krueger procurou afastar a idéia de que o Brasil seja candidato a testar o novo mecanismo de renegociação de dívida em fase de montagem, um dos temas da reunião anual da instituição, que começa nesta semana. Segundo ela, não houve nenhuma discussão com o Brasil sobre a reestruturação da dívida antes ou durante as negociações do recente acordo.

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