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FMI pede aos EUA que elevem teto da dívida ''sem demora''

Fundo sugere cautela na retirada das medidas de estímulo fiscal e prevê efeitos ''amplos e negativos'' da crise para o resto do mundo

Por Denise Chrispim Marin
Atualização:

CORRESPONDENTE / WASHINGTONO Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou ontem os Estados Unidos a elevarem "sem demora" o teto da dívida pública para evitar a perda de confiança do investidor e o rebaixamento da classificação de risco de seu passivo de US$ 14,3 trilhões. Caso contrário, acentuou o Fundo, haverá efeitos "amplos e negativos" ao resto do mundo. Ante o crescimento econômico ainda moderado, as autoridades americanas foram aconselhadas a se manterem "cautelosas" no momento de retirar as atuais medidas de apoio macroeconômico. As recomendações constam do relatório de avaliação periódica da economia americana elaborado pela diretoria do FMI.O texto foi divulgado ontem, em meio ao impasse entre a Casa Branca e a Câmara dos Deputados sobre o aumento do teto da dívida pública, que se acentuou desde o fim de semana. Uma solução de consenso até 2 de agosto, prazo dado pelo Departamento do Tesouro antes de anunciar a suspensão de pagamentos federais, não era visível até ontem."Os diretores insistiram na necessidade de (os EUA) elevarem sem demora o teto da dívida federal e de forjarem um acordo em torno das características específicas de um plano integral de consolidação de médio prazo", mencionou o relatório. "O ajuste deveria se iniciar no exercício de 2012, para evitar o risco de uma perda prejudicial de credibilidade fiscal", completou, referindo-se ao início do próximo ano fiscal, em 1o de outubro.Conforme detalhou o Fundo, a redução gradual do déficit fiscal americano permitiria ao resto do mundo manter uma remuneração mais baixa dos bônus de curto prazo. Aos EUA, significaria a preservação da "confiança dos investidores em sua habilidade de responder decisivamente aos desafios fiscais". "Uma consolidação gradual e crível pode aumentar a poupança nacional dos EUA, reduzir em termos reais as taxas de juros no mundo e os desequilíbrios de médio prazo", informou o FMI. "Entre vizinhos próximos, os impactos negativos de uma diminuição da atividade americana seriam enormes, se não houver melhoria nos mercados financeiros mundiais, dado o alto nível da dívida e do déficit fiscal dos EUA."O relatório traz ainda uma perspectiva de crescimento real da economia dos EUA de apenas 2,5%, em 2011. No ano passado, foi de 2,9%. Para 2012, ano de eleição presidencial, a previsão é de expansão de 2,7%. A dívida bruta consolidada alcancará 99% do Produto Interno Bruto (PIB) no fim deste ano, e o déficit do governo chegará a 9,3% do PIB. O FMI atribuiu a recente desaceleração do crescimento americano - 2% no primeiro semestre - à depressão do mercado imobiliário, à persistência do alto desemprego - 9,2% em junho - e à fraca confiança do consumidor.Como as medidas de estímulo fiscal deverão ser restringidas com o plano de ajuste nas contas públicas, o Fundo recomendou cautela na retirada das medidas macroeconômicas. Ao Fed (banco central americano), sugeriu a continuidade da expansão monetária, por meio da taxa de juros baixa, com especial atenção à taxa de inflação - de 2,8% em 2011, na previsão do organismo, com redução para 1,6% em 2012.

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