O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu nesta segunda-feira, 21, aos Governos de seus países-membros para que comuniquem claramente aos mercados quando começarão a desativar os mecanismos de intervenção estatal no sistema financeiro e de que maneira se dará esse processo.
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Mesmo antes de uma recuperação total da economia mundial, o FMI quer que os países elaborem desde já seus planos para dar fim às intervenções públicas mais profundas desde a Grande Depressão, na opinião do próprio organismo.
A principal recomendação do FMI contida em seu Relatório de Estabilidade Financeira Mundial, divulgado parcialmente hoje, diz que os Governos devem ser transparentes ao máximo.
"A comunicação clara sobre o fim das medidas - não limitada a quando isso começará, mas também sobre como está sendo pensado o processo em sua totalidade - é importante para conservar a estabilidade do mercado e controlar as expectativas", argumenta o relatório.
Esta é a mensagem que o FMI levará à reunião dos chefes de Estado e de Governo do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países desenvolvidos e os principais emergentes), marcada para os próximos dias 24 e 25 na cidade americana de Pittsburgh.
Em reunião preparatória, os ministros de Economia e Finanças do G20 anunciaram que vão manter as medidas fiscais e monetárias expansivas "até que a recuperação esteja garantida".
Em seu relatório, o FMI avaliou positivamente as medidas adotadas pelos Governos, pois graças a elas alguns dos instrumentos financeiros problemáticos começaram a se estabilizar.
Para a organização, as injeções de liquidez nos mercados foram especialmente úteis no princípio da crise, lembrando que, quando se constatou que o problema de alguns bancos era de solvência, as ações para recapitalizá-los e a compra de ativos conseguiram "aliviar o risco creditício".
O FMI recomendou cooperação para retirar os trilhões de dólares governamentais que sustentam o sistema financeiro nos Estados Unidos e na Europa em particular.
A entidade multilateral também dedicou um capítulo de seu relatório à emissão de títulos, citada por muitos como um dos fatores que precipitaram a crise financeira e econômica.
O FMI considerou que seu aumento "galopante" entre 2005 e 2007 foi consequência de incentivos prejudiciais.
Os bancos centrais e as agências de classificação de riscos supervalorizaram os títulos, enquanto os banqueiros recebiam gratificações quanto mais emissões faziam, sem importar a qualidade verdadeira dos ativos, e os investidores não cumpriram com seus deveres antes de comprar os papéis, segundo a entidade.
Entretanto, a instituição ainda crê que a emissão de títulos, feita com cuidado, aumenta o crédito e facilita a gestão de riscos.
Por isso, o FMI alertou que, caso o processo de emissão de títulos não volte ao normal, os problemas dos bancos continuarão a ter problemas para obter crédito e o setor público "terá que continuar cobrindo essas brechas".
Para minimizar o perigo do processo, o organismo pediu mais transparência nas agências de classificação de risco, assim como normas contábeis mais rigorosas e um maior nível de capitalização nos bancos.
O FMI também apoiou a ideia sugerida nos Estados Unidos e na Europa de obrigar que os emissores de títulos fiquem com parte deles, com o objetivo de fazer com que sejam avaliados corretamente.