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FMI pede US$ 1,2 tri contra a recessão

Strauss-Kahn, diretor do Fundo, defende o emprego ?maciço? e coordenado de políticas de estímulo econômico

Foto do author Fernando Dantas
Por Fernando Dantas e Gustavo Nicoletta (Broadcast)
Atualização:

No dia em que foi divulgado que o Japão caiu em recessão técnica no terceiro trimestre, seguindo o mesmo anúncio para a zona do euro, na semana passada, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, voltou a defender o uso de até 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou US$ 1,2 trilhão, de estímulo fiscal para estancar a espiral recessiva que tomou conta da economia global. "É hora de usar todos instrumentos", disse Strauss-Kahn, numa conferência em Trípoli, na Líbia. O diretor-gerente do FMI pediu o emprego "maciço" e coordenado de políticas orçamentárias para superar a crise, além de defender novos cortes de juros pelo Banco Central Europeu (BCE). Com o anúncio feito pelo Japão, já praticamente não restam dúvidas de que o mundo rico está entrando numa das piores fases econômicas do pós-Guerra. Segundo o FMI, as economias avançadas devem ter um recuo do PIB de 0,3% em 2009, fato que não ocorreu nenhuma vez de 1980 (quando se inicia a série do site do Fundo) até hoje. O PIB japonês recuou 0,4% nos três meses de julho a setembro, em termos anualizados, depois de ter caído 3,7% no segundo trimestre. Os Estados Unidos ainda não entraram em recessão "técnica" - dois trimestres de queda do PIB -, já que a economia caiu 0,3% no terceiro trimestre em termos anualizados, mas havia crescido 2,8% no segundo. Para a maioria dos economistas, porém, a recessão americana é inevitável. A queda no mundo rico deve trazer o crescimento global em 2009 para próximo do intervalo de 1% a 2%. "A grande discussão agora é sobre o tamanho da queda do mundo desenvolvido", diz Alexandre Pavan Póvoa, diretor-executivo do Modal Asset Management. Segundo ele, os especialistas dividem-se entre dois cenários principais. Há aqueles, como o próprio Póvoa, que prevêem que os países ricos tenham crescimento levemente negativo, próximo de zero, em 2009, e outros que projetam uma queda drástica. Outra discussão é sobre a duração da recessão. O economista está do lado mais otimista, que vê chances de recuperação a partir de 2010. A corrente mais negativa projeta no mínimo um ano e meio antes que a economia dos ricos volte a emitir sinais de vitalidade. Rodrigo Azevedo, sócio e principal macroeconomista da JGP, empresa de gestão de recursos, acha que a recessão pode ser mais prolongada em países como Estados Unidos e Reino Unido, nos quais é causada pela necessidade de um penoso e lento processo de desendividamento dos consumidores. Já no Japão e na Alemanha, em que a retração está mais ligada ao enfraquecimento da demanda de produtos do setor exportador, a duração será menor. Ontem, reforçando o clima lúgrube na economia mundial, o Citigroup anunciou planos de cortar 50 mil postos de trabalho na sua operação global.

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