FMI reduz previsão de crescimento mundial para 5,9% em 2021 e mantém alta de 4,9% em 2022

Fundo afirma que os riscos para a economia internacional persistem, sobretudo com a variante delta ainda em circulação

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Por Ricardo Leopoldo
4 min de leitura

WASHINGTON - Apesar do avanço da vacinação em diversos países contra a covid-19, os riscos para e economia internacional persistem, sobretudo com a variante delta, o que levou o Fundo Monetário Internacional ( FMI)  a reduzir um pouco a previsão de alta do crescimento global de 6,0% para 5,9% neste ano, mantendo a estimativa de expansão de 4,9% em 2022, segundo o relatório Perspectiva Econômica Mundial.

De acordo com Gita Gopinath, economista-chefe do FMI, "a perigosa divergência" no cenário de evolução da demanda agregada pelo mundo continua uma grande preocupação. Segundo ela, a produção dos países avançados deve atingir os níveis pré-pandemia em 2022 e exceder tal patamar em 0,9 ponto porcentual em 2024. Por outro lado, ela pondera que o nível de atividade em mercados emergentes e nações em desenvolvimento, com exceção da China, deve ficar 5,5 ponto porcentual abaixo do nível anterior à covid-19 em 2024, o que resultará em "grandes retrocessos para a melhora das condições de vida" de seus cidadãos.

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O FMI ressalta que as ações dos países ricos para assegurar a imunização em nações em desenvolvimento são fundamentais para o crescimento global e para o controle da pandemia. "Enquanto perto de 60% da população em economias avançadas estão totalmente vacinadas e alguns estão recebendo os reforços, cerca de 96% da população em países de baixa renda continuam sem vacinas", destacou Gopinath.

Na sua avaliação, os mercados emergentes estão removendo com maior rapidez estímulos a empresas e famílias devido ao risco de perder a ancoragem de expectativas de inflação e diante de condições financeiras mais apertadas.

Gita Gopinath, economista-chefe do FMI Foto: Greg Beadle/ World Economic Forum

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De acordo com o Fundo, a prolongada pandemia provocou interrupções da fabricação de mercadorias, o que, aliado à alta de commodities, gerou um incremento expressivo da inflação de forma global, prejudicando países avançados, como os EUA e a Alemanha, e também nações em desenvolvimento.

O FMI também ressaltou que mudanças climáticas são um risco importante para a evolução da economia global e medidas para coibir a emissão de carbono devem ser adotadas, como um imposto sobre CO2 em termos mundiais.

Projeções

O Fundo Monetário Internacional reduziu a previsão de crescimento dos EUA de 7% para 6% neste ano, mas elevou de 4,9% para 5,2% em 2022.

No caso da China, o FMI baixou um pouco a projeção de expansão do Produto Interno Bruto, de 8,1% para 8,0%, em 2021 e também diminuiu levemente, de 5,7% para 5,6%, a estimativa para o próximo ano.

Em relação à zona do euro, o Fundo aumentou a previsão de elevação do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,6% para 5,0% neste ano e manteve os 4,3% de avanço do indicador em 2022.

Para o Japão, o FMI reduziu a estimativa de crescimento de 2,8% para 2,4% em 2021, enquanto subiu de 3,0% para 3,2% no próximo ano.

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Cenários alternativos

Desde que surgiu o coronavírus, o fundo divulga cenários alternativos para a economia mundial em relação às suas projeções básicas. Desta vez, o FMI divulgou duas análises com desdobramentos negativos para o crescimento global.

Em um deles, a variável chave é um aumento maior do que o esperado da inflação nos EUA em três anos. Ao ponderar que as expectativas para os índices de preços no país receberão um choque de 0,5 ponto porcentual entre 2022 e 2024, tal fato geraria respostas de política monetária do Federal Reserve mais rápidas e alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo. Estes fatores levariam o PIB do país para uma marca menor em 1,25 ponto porcentual em 2026 do que o previsto pelo FMI. Os mercados emergentes registrariam uma redução do Produto Interno Bruto de 1,50 ponto porcentual, um impacto quase 4 vezes maior do que ocorreria em economias avançadas, excluídos os EUA.

De acordo com o cenário desfavorável, o Fundo considera as implicações econômicas caso o mundo precise continuar a lidar com a covid-19 no médio prazo. E isto ocorreria devido à possibilidade de que a vacinação não acabará com a circulação do novo vírus, devido à falta do medicamento em muitos países ou porque em outras nações que têm alta disponibilidade de vacinas, grande parte dos seus habitantes preferem não tomá-la. Em tais condições, seria retirado do crescimento global mais de um ponto porcentual em 2025, sendo que as economias avançadas sofreriam mais impactos do que os mercados emergentes por causa da hesitação de pessoas para serem imunizadas.

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