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FMI prevê desaceleração na economia com guerra

Por Agencia Estado
Atualização:

A alta dos preços do petróleo é hoje a principal ameaça para a economia mundial, disse o economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kennet Rogoff, ao jornal espanhol "Cinco Dias". De acordo com o jornal, um dos mais importantes da área econômica da Espanha, o Fundo já vem trabalhando com um provável incremento de US$ 15 no preço do barril de cru, que, em parte, já está ocorrendo há cerca de seis meses, quando o barril estava no patamar de US$ 24,00. Nesta manhã, o Brent em Londres para entrega em março estava em US$ 31,58, com alta de 0,70%, enquanto que na Nymex, também para entrega em março, estava em US$ 34,13, com alta de 0,54%. "Nessas condições, o aumento global da produção desacelaria em 1 ponto porcentual", afirmou Rogoff ao jornal. Ele explicou ainda que a referência para esse cálculo são as previsões do FMI realizadas em setembro, quando a estimativa de crescimento mundial era de 2,5%, com um preço médio do barril de petróleo de US$ 24,2. "Isso coloca as novas projeções em 1,5% de crescimento mundial se o barril chegar a um patamar de US$ 39,20. E a possibilidade de que isso ocorra é alta, dada a ameaça de guerra no Golfo Pérsico", acrescentou o economista na entrevista. Mas, acrescentou ele, a experiência anterior da guerra nessa região aponta que também que essa probabilidade pode ser reduzida. Depois da invasão do Kuwait pelo Iraque, em agosto de 1990, o barril de petróleo se aproximo dos US$ 40,00 durante 15 dias, entre setembro e outubro daquele ano. Depois do ataque dos EUA a Bagdá, em janeiro de 1991, o preço do barril apenas superou os US$ 30,00. É bom lembrar, no entanto, que o preço do barril antes da invasão iraquiana estava pouco acima dos US$ 15,00. "Se cumpram ou não as estimativas de Rogoff, o certo é que a simples ameaça de guerra já desferiu um duro golpe à economia mundial", escreve o "Cinco Dias". Michael Mussa, que dirigiu o serviço de estudos do FMI entre 1991 e 2001, explicou, por sua vez, que, se a duração do conflito se prolongar e se houver uma escalada de pelo menos US$ 14,00 nos preços do petróleo nos próximos quatro meses ou mais, o impacto sobre a economia mundial poderá chegar a 0,5 ponto porcentual. Mussa, que hoje faz parte do Instituto Internacional de Economia de Washington, também indicou que a guerra poderia fortalecer o dólar em relação ao euro. Reservas A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne os 25 países mais ricos do planeta, estima que um incremento de US$ 10,00 nos preços do petróleo, por um período de um ano, provocaria uma aumento da inflação no mundo de pelo menos 0,5 ponto porcentual e uma contração da economia global de 0,25 ponto porcentual. De acordo com a OCDEA, o preço do barril de petróleo subiu 55% apenas em um ano. Já o West Texas Intermediate, indicador norte-americano, mostra uma apreciação de 67%, enquanto que a cesta de cru da Opep mostra uma alta de 62,8% nesse mesmo período. Apesar disso, os especialistas acreditam que ainda não é o momento de abrir as torneiras das reservas de petróleo. As reservas que a OCDE começou a acumular desde o embargo árabe de 1973/1974 não passam pelo seu melhor momento. Os inventários totais ao final do terceiro trimestre de 2002, último dado disponível, eram de 3,82 bilhões barris, ou 4,75% menos do que em 1998. Ainda assim, o volume equivale a 114 dias de importações, 24 dias a mais do que o mínimo exigido pela Agência Internacional de Energia (AIE). Os inventários atuais poderiam atender a uma demanda total de petróleo da OCDE durante 78 dias, a média mais baixa desde final de 2000. Há cinco anos que as reservas estão abaixo dos 4 bilhões de barris.

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