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FMI prevê recuperação da economia global

Por Agencia Estado
Atualização:

A economia global está em recuperação e deve crescer 3,2% em 2003 e 4,1% em 2004, segundo a Perspectiva Econômica Global do Fundo Monetário Internacional (FMI). A inflação deve permanecer em níveis muito baixos na maior parte do mundo, e principalmente nos países desenvolvidos. O documento bianual foi oficialmente divulgado nesta manhã em Dubai, onde está sendo realizado o encontro anual do FMI e do Banco Mundial. O FMI manteve suas projeções para a economia global feitas na Perspectiva Econômica Global de abril, mas acentuou que foram reduzidos os riscos negativos - isto é, a possibilidade de que a realidade acabe sendo bem pior do que as projeções do Fundo. A situação melhorou basicamente por dois fatores: o rápido fim da guerra no Iraque, o que não estava claro em abril; e o fato de que as políticas monetária e fiscal das grandes economias, na média, ficaram ainda mais estimulantes ao crescimento do que no primeiro semestre. EUA - Os Estados Unidos continuam sendo o motor da economia global, e o FMI prevê que o crescimento do PIB norte-americano seja de 2,6% neste ano e de 3,9% em 2004. Apesar de projetar um cenário positivo, o FMI alerta para diversos riscos que podem prejudicar o desempenho dos Estados Unidos: o endividamento excessivo dos consumidores; uma queda abrupta do dólar (o déficit em conta corrente deve fechar em 5% do PIB este ano); o eventual recuo na retomada dos investimentos; e a volatilidade da taxa de juros de longo prazo (que atingiram o nível mais baixo nos últimos 40 anos em meados de junho). A instabilidade do preço do petróleo é vista como um risco para a economia global. Japão - Uma surpresa boa acontecida neste ano foi a economia japonesa, que deu os sinais mais fortes em muito tempo de que pode estar saindo da péssima fase que se prolonga desde o final dos anos 80. Não há nada de espetacular nesta potencial recuperação, com o FMI prevendo crescimento de 2% este ano e 1,4% em 2004. Comparado com a estagnação da última década, porém, é uma previsão animadora. O FMI recomenda que o Japão continue a sanear bancos, reestruturar empresas e que o banco central do país não poupe esforços para acabar com a inflação, inclusive aumentando a quantidade de dinheiro em circulação. Europa - A previsão do FMI para os países da área do Euro é decepcionante, com projeção de crescimento de 0,5% em 2003 e 1,5% em 2004. Salientando o perigo da economia mundial continuar a depender dos Estados Unidos para crescer, o FMI insiste em que a Europa e o Japão se esforcem mais em reformas estruturais. No caso europeu, flexibilizando o mercado de trabalho, liberalizando a economia e atacando o déficit dos sistemas da previdência. Emergentes - Em relação às economias emergentes, o FMI detectou uma melhora significativa no financiamento internacional, causada em grande parte pela recuperação do Brasil. Os fluxos líquidos de capitais para os mercados emergentes, na projeção do Fundo, devem atingir US$ 110 bilhões este ano, o maior nível desde 1997. Na América Latina, porém, o fluxo líquido projetado em US$ 28,3 bilhões significa apenas uma volta ao nível próximo a US$ 30 bilhões registrado em 2001. Em 2002, o fluxo despencou para US$ 7,8 bilhões, o que também foi muito influenciado pela crise no Brasil. O leste asiático continua a ser a região que mais cresce no mundo, com destaque para os dois países mais populosos: o FMI prevê crescimento de 7,5% para a China tanto em 2003 quanto em 2004, e expansão de 5,6% e 5,9%, respectivamente, da economia da Índia neste ano e no próximo. Latinos - Na América Latina, o FMI vê uma incipiente recuperação, mas muito desigual entre os países. O Fundo ainda acha frágil a situação da região, e potencialmente negativa em caso de redução do apetite global para risco, de alta das taxas de juros dos países desenvolvidos e de uma melhora acentuada das perspectivas dos ativos financeiros dos países ricos (que competem com as nações em desenvolvimento por capital). O FMI cita a melhora e fortalecimento da política econômica como fundamental para os países latino-americanos resistirem melhor a choques externos, citando o Chile e o México como exemplos consolidados deste comportamento, e o Brasil como um país que começa a colher os frutos.

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