Publicidade

Focus: Mercado errou, ao projetar PIB e inflação de 2007

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

A comparação do cenário econômico atual com as projeções feitas pelo mercado há um ano mostra que o crescimento da economia surpreendeu positivamente os analistas, que tiveram de elevar a aposta de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em mais de 1,50 ponto porcentual durante o ano de 2007. Por outro lado, a surpresa negativa veio com a inflação, que subiu em ritmo maior que o esperado e fez com que as expectativas do mercado tivessem de subir mais de três pontos nos IGPs. Há um ano, no relatório Focus de 29 de dezembro de 2006, analistas acreditavam que a economia cresceria 3,50% em 2007. O número permaneceu nesse patamar até abril, quando dados positivos do comportamento da economia deflagraram ajustes para cima nas projeções durante várias semanas até setembro, quando o número estacionou em 4,70%. Novos dados acima do esperado incitaram ajustes nas últimas quatro semanas de 2007, o que levou o número do PIB para os 5,19% observados no último Focus deste ano, divulgado nesta segunda-feira. Em 12 meses, a projeção para o PIB aumentou 1,69 ponto porcentual. Parte dessa surpresa com o ritmo da economia pode ser atribuída à mudanças na política monetária, com a queda dos juros. Há um ano, o mercado acreditava que o juro seria cortado em 1,5 ponto porcentual durante 2007, passando de 13,25% - taxa observada no final de 2006 - para 11,75%. Mas o Banco Central reduziu a Selic em ritmo mais forte, e a taxa termina o ano 0,50 ponto mais baixa que o projetado há 12 meses, em 11,25%. Outro motivo que pode explicar o ritmo mais forte da economia é o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED), usado para construção e ampliação de fábricas e compra de empresas por multinacionais. Há 12 meses, o mercado acreditava que o Brasil receberia US$ 16,10 bilhões. O número seguiu em lento ritmo de alta até julho, quando a projeção estava em US$ 20 bilhões. Desde então, o número cresceu rapidamente até atingir a projeção de US$ 35 bilhões no último relatório de 2007. O número é 117,39% maior que o projetado há 12 meses. Com tantos dólares na forma de IED e o ingresso de outros bilhões para compra de ações e títulos no mercado nacional, o dólar caiu de forma expressiva no decorrer do ano. Conforme o relatório Focus, a projeção dos analistas cai de forma consistente desde a primeira semana de 2007. Em 29 de dezembro de 2006, analistas acreditavam que o câmbio terminaria esse ano em R$ 2,25. O número caiu seguidamente até chegar a R$ 1,77 no relatório divulgado nesta segunda-feira. O valor é 21,3% menor que a previsão de um ano antes. Inflação em alta A despeito das boas notícias, o mercado teve de ajustar o cenário após a alta mais forte dos preços. A surpresa negativa ocorreu principalmente pelo comportamento dos alimentos, que subiram em ritmo mais elevado e por mais tempo que o esperado. No IPCA, os ajustes para cima ocorreram principalmente entre junho e setembro e, mais recentemente, desde meados de novembro. Com isso, a projeção de alta para o indicador usado no regime de metas passou de 4%, registrados em 29 de dezembro de 2006, para 4,36%, no relatório divulgado nessa segunda-feira. Esses ajustes anularam a trajetória positiva do IPCA, cujas projeções para 2007 caíram em boa parte dos primeiros seis meses do ano até chegar ao piso de 3,50% em meados do ano. A trajetória de alta foi ainda pior nos IGPs. Há 12 meses, o mercado acreditava que o IPG-M fecharia o ano em 4,29% e o IGP-DI, em 4,30%. Os números, contudo, mudaram completamente durante o ano, principalmente desde setembro. Com as altas seguidas, a projeção do mercado para o IGP-DI fechou o ano em 7,82%, patamar 3,52 pontos maior que o número projetado há um ano. No caso do IGP-M, a inflação acumulada fechou o ano em 7,75%, conforme dados da Fundação Getúlio Vargas divulgados na semana passada.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.