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Folião paga 42% de impostos em artigos para carnaval

Segundo estudo, maior peso está sobre preço dos colares havaianos: 47,16% de tributos; em seguida, ficam spray de espuma (47,14%); e buzina a gás (46,79%)

Por Agencia Estado
Atualização:

Cerca de 40% dos preços dos principais itens para o carnaval deste ano são compostos apenas por cobrança de impostos, mostrou na segunda-feira, 12, um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), número similar ao de 2006. De acordo com o estudo, o maior peso dos impostos sobre os itens pesquisados está sobre os preços dos colares havaianos: 47,16% em tributos. Em seguida, aparecem o spray de espuma, com 47,14%, e a buzina a gás, com 46,79% em carga tributária. "A idéia da pesquisa é chamar a atenção para os altos impostos que nós temos no Brasil. O nosso sistema mascara que até no carnaval as pessoas pagam muito em tributo e que isso tira poder dos salários", disse à Reuters por telefone o presidente do IBPT, Gilberto Luis do Amaral. "Quem compra R$ 100 de serpentina está pagando R$ 55 pelo produto e R$ 45 em impostos. Não tem como não notar que existe algo de errado neste sistema se olhar um número desses", afirmou. A sondagem aponta ainda que os pacotes para acompanhar desfiles nos sambódromos, incluindo hospedagem, ingresso e transporte, têm 37,48% de carga tributária nos seus preços. Sozinhas, as entradas para assistir às escolas de samba têm 42,05% de tributos embutidos. O IBPT listou a porcentagem da tributação sobre confetes e serpentinas (37,48%), máscaras de plástico (45,13%), fantasias de tecido (37,61%), de arame (35,11%), biquínis com lantejoulas (43,39%) e máscaras feitas do mesmo material (43,91%). Segundo o consultor de design Edimilson Lima, que cria e produz fantasias no Rio de Janeiro, existem alternativas para usar fantasias menos caras sem ficar démodé. "Hoje é mais fácil de trocar uma coisa por outra porque as roupas de carnaval estão menores, não precisa de uma fantasia muito grande como antigamente", disse ele por telefone. "A roupa menor pode ser mais barata, sem materiais que estão ficando ano a ano mais caros". Pequenas empresas Na rua 25 de Março, tradicional centro comercial de São Paulo que chega a reunir 1 milhão de pessoas para as compras de Natal, muitos lojistas se mostram pouco animados com as vendas para o carnaval. Em parte, culpam os ambulantes, que pagam menos impostos, pelas dificuldades dos negócios. "Máscaras e fantasias saem quase o mesmo de sempre. Mas as peças pequenas estão mais em conta nos camelôs, que cobram a metade do preço", disse o vendedor Adailton Neves, 34 anos, há dez na região. O colar havaiano que Adailton vende por cinco reais é encontrado por três reais, com qualidade inferior, a poucos metros de sua loja, na barraca de um ambulante que se recusa a dar entrevista por medo da polícia. As blitze para fiscalização no local diminuíram neste mês, disseram lojistas. Outro ponto que dificulta as vendas, segundo a empresária Matilde Souza, de 57 anos, vem com os encargos dos funcionários, que ela garante serem registrados na loja de fantasias e adereços da qual é dona. "Eu me esforço para fazer tudo bonitinho, com carteira assinada. Mas estou perdendo dinheiro porque a maior parte da concorrência só paga por hora", afirmou ela, que tem quatro funcionários. "Aqui no Brasil, só dá para ter o seu negócio se não pagar todos os impostos ou se tiver um gênio da lâmpada." Já a dona de casa Maria Helena Rubinato, de 45 anos, não se incomoda com a situação de lojistas, funcionários e ambulantes, contanto que possa comprar mais barato. "Meus filhos vão para a praia no carnaval e comprei na loja as máscaras do Bin Laden que eles queriam. Depois, comprei o spray nos camelôs, que saem por R$ 2. Na loja, eu ia pagar muito mais. Para gastar menos, tem de procurar bem e não pode ficar só em camelô nem só nas lojas", receitou.

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