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Força Sindical suspende negociações com a Fiesp por 10 dias

Encontro tinha como objetivo um acordo para evitar demissões decorrentes da crise financeira internacional

Por Anne Warth
Atualização:

A Força Sindical decidiu nesta quinta-feira, 15,suspender por dez dias as negociações com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) que tinham como objetivo um acordo para evitar demissões decorrentes da crise financeira internacional no País. Em reunião, sem a presença da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a maior do País, e com outras quatro centrais, o presidente da Força Sindical e deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, disse que os trabalhadores pretendem se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, e o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para insistir na adoção de medidas como a redução da taxa básica de juros e de impostos como IPI, ISS e ICMS. Participaram do encontro a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e União Geral dos Trabalhadores (UGT). Veja também: Desemprego, a terceira fase da crise financeira global De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise  Todas as centrais, exceto a Força Sindical, são radicalmente contra propostas que reduzam os salários dos trabalhadores e para manter a unidade entre as entidades que representam os trabalhadores, Paulinho recuou. "São medidas que o governo tem que tomar já. Se não conseguirmos que o governo tome essas medidas, talvez não seja necessário a gente fazer essas concessões que os trabalhadores já começa a fazer, não só em São Paulo como no Brasil inteiro", afirmou. Foi um recuo significativo em relação à proposta apresentada pela Força Sindical ontem (14) na Fiesp, que incluía a redução da jornada de trabalho no limite de até 25%, associada à diminuição de no máximo 15% do salário e a suspensão temporária do contrato por até cinco meses, com garantia de emprego de três meses após a volta, entre outras propostas. Paulinho ressaltou que todas as medidas negociadas objetivam a garantia dos empregos e contestou as declarações do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que afirmou que a garantia dos empregos para os trabalhadores não será aceita pelos empresários. "Na reunião conosco Skaf disse que topava discutir garantia de emprego", disse. Segundo ele, a Fiesp não aceita discutir a garantia do emprego associada às medidas adotadas recentemente pelo governo para conter a crise, como o aumento das linhas de crédito do Banco do Brasil (BB), Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a redução do IPI para automóveis. Já em relação ao acordo com os trabalhadores, a Fiesp, de acordo com Paulinho, aceitaria garantir emprego. "Nós estamos tomando a decisão de suspender as negociações com a Fiesp por dez dias, e nesses dez dias faremos toda a discussão com os governos estaduais e federal", explicou. Paulinho assumiu o discurso da Fiesp pela redução dos juros e do spread bancário e pelo aumento do crédito. "Não é reduzindo jornada numa fábrica ou suspendendo contrato na outra que você vai resolver o problema da crise", argumentou. O presidente da Força Sindical criticou o governo por ter reduzido o IPI dos automóveis sem ter chamado os trabalhadores à mesa, já que não foi exigido das montadoras a garantia do emprego dos metalúrgicos. "O governo vive falando mal do governo Fernando Henrique Cardoso, mas o governo FHC, quando tinha isenção, garantia o emprego." Na avaliação dele, medidas como a redução da jornada ou a suspensão de contratos de trabalho não vão resolver a crise, mas amenizá-la e evitar que mais pessoas percam o emprego. Ele voltou a negar que a Força Sindical já tenha fechado um acordo com a Fiesp. "Não, não foi (fechado o acordo). Eu pessoalmente estou negociando, porque quem apanha depois sou eu", brincou. Paulinho admitiu que um acordo com a Fiesp não terá validade se não for aprovado por cada sindicato. Segundo ele, o presidente da CUT, Artur Henrique da Silva, está de acordo com a nova posição da Força Sindical e das demais centrais de pressionar os governos antes de negociar com as empresas.

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