
28 de setembro de 2020 | 17h28
Atualizado 29 de setembro de 2020 | 11h17
A Ford fechou acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari (BA) de um Programa de Demissão Voluntária que começa na quinta-feira, 1º, e vai pagar R$ 93 mil extras para trabalhadores com 17 a 20 anos de contrato que aderirem ao PDV. Para quem tem entre 6 e 18 anos de casa será pago R$ 80 mil e, para os que entraram no grupo nos últimos cinco anos serão pagos R$ 40 mil, além dos direitos trabalhistas, segundo o presidente da entidade, Júlio Bonfim.
A empresa também decidiu prorrogar até o fim de dezembro a suspensão de contratos de trabalho (lay-off) de cerca de 1,45 mil trabalhadores da montadora e de fornecedores que operam dentro do complexo na Bahia. Eles estão afastados desde março e, segundo Bonfim, se houver necessidade o prazo poderá ser estendido mais uma vez até maio.
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Em nota, a direção da Ford informa que o objetivo da medida é "ajustar os níveis de produção à significativa desaceleração do mercado gerada pela pandemia". No caso da Bahia, o PDV é voltado a empregados da área de produção e as inscrições estarão abertas a partir da próxima quinta-feira.
Em fevereiro, antes mesmo da pandemia, a Ford já tinha feito um PDV na fábrica de motores em Taubaté com objetivo de fechar 277 vagas. Entre os incentivos ofereceu salários extras e um carro da marca no valor de R$ 47 mil.
Segundo Bomfim, a Ford iniciou o ano com previsão de produzir 215 mil unidades do SUV EcoSport e do compacto Ka, mas, agora, a projeção é de 136 mil unidades “ou menos”. A Ford tem 6,5 mil funcionários diretos da fábrica e outros 3,5 mil trabalham no parque de fornecedores dentro do complexo.
Para o sindicalista, a proposta de PDV da montadora – que tem acordo com a entidade de não realizar demissões em massa até 2023 – “é a maior do Brasil”. A empresa não indicou meta a ser atingida.
Há duas semanas, trabalhadores da Volkswagen aprovaram um programa para as quatro fábricas do grupo, que empregam ao todo cerca de 15 mil pessoas, a abertura de um PDV que dá direito a até 35 salários extras para quem é funcionário há mais de 30 anos. para os demais, há uma escala de valores a serem pagos de acordo com o tempo de casa.
A Volkswagen iniciou as negociações informando ter um excedente de mão de obra de 35% nas quatro fábricas, ou cerca de 5 mil funcionários. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mesmo que não atinja essa meta, a empresa não fará cortes aleatórios.
Os funcionários também aceitaram medidas como layoff por até dez meses com salários inferiores aos pagos até agora, congelamento de reajuste salarial neste ano e volta gradativa de reposição da inflação, além de mudanças em benefícios como plano médico e participação nos lucros.
Nos últimos 12 meses, o setor automotivo fechou 6,3 mil vagas, das quais 4,1 mil durante a pandemia. Hoje emprega 121,9 mil trabalhadores, número que terá importante redução até o fim do ano diante de cortes aleatórios que vem sendo promovidos pelas montadoras e pelos programas de voluntariado.
O recém concluído PDV da General Motors teve adesão de 294 trabalhadores em São Caetano do Sul (SP) e de 235 em São José dos Campos (SP), onde já há mil operários com contratos suspensos desde março. A Renault, com fábrica no Paraná, também tem um PDV para cortar 747 vagas, número equivalente ao de demissões feitas em julho e que depois foi revogada após greve dos trabalhadores.
Trabalhadores da Toyota de São Bernardo do Campo (SP) aprovam nesta segunda-feira, 28, acordo para a transferência de trabalhadores administrativos para a fábrica do grupo em Sorocaba (SP), anunciado na semana passada. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa queria transferir 600 pessoas e cortar outras 300.
Após negociações, ficou acertada a transferência de 490, com incentivos, como transporte fretado de São Bernardo a Sorocaba por dois anos para os que não quiserem se mudar para a cidade do interior do Estado. O número de cortes baixou de 300 para 120 e será aberto um PDV com incentivo de 12 salários extras e manutenção do plano de saúde por um ano a quem aderir.
O presidente do sindicato, Wagner Santana, disse que a Toyota se comprometeu em manter a unidade produtiva do ABC, onde fabrica componentes, e que será formado um grupo conjunto para discutir e viabilizar novos produtos para a fábrica. “A partir desse entendimento e do fechamento desse acordo, estamos agora voltados a buscar condições para ampliar a capacidade de produção da planta”.
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