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Fornecedores têm de estar conectados

Para especialista, não adianta a empresa introduzir tecnologia se os parceiros não estiverem preparados

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É possível inovar sem ter de investir muito dinheiro e sem precisar renovar todos os equipamentos da fábrica ou instalar robôs, defende o especialista em indústria 4.0 da fabricante de autopeças Bosch, Fábio Fernandes.

Fábrica da Fiat em Betim (MG), que usa tecnologia de ponta para a produção de veículos Foto: Werther Santana/Estadão

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Para provar a teoria, a multinacional de origem alemã iniciou um programa piloto de inovação com um grupo de fornecedores que passarão a ter sistemas de conexão diretamente com a fábrica.

A própria Bosch banca assessoria para fazer um levantamento do que a empresa necessita, fornece equipamentos como sensores e controladores e envia equipes para instalar os processos.

“Não faz sentido a gente introduzir tecnologias em nossas plantas se não tivermos os fornecedores preparados e conectados”, diz Fernandes.

O primeiro fornecedor escolhido para esse projeto piloto de instalação dos sistemas de conexão é a Rudolph, de Timbó (SC), fabricante de peças para bombas de gasolina. Em breve outros quatro serão escolhidos.

A proposta da Bosch, que tem 2,5 mil fornecedores de componentes em vários Estados, é mostrar<IP9,0,0> que as inovações podem ser introduzidas nos equipamentos em uso pela fábrica, a custos relativamente baixos, embora a empresa não tenha detalhado valores.

No estudo da CNI, que identificou o atraso tecnológico em 14 setores da economia brasileira, o gerente executivo João Emílio Gonçalves avalia que é possível, por exemplo, empresas que ainda estejam no estágio da indústria 2.0 pularem a fase 3.0, que introduziu a automação, e irem direto para a fase 4.0, da digitalização.

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“Cada empresa tem demandas diferentes e é preciso uma atuação focada para identificar em qual parte da empresa a inovação vai gerar mais impacto”, diz Gonçalves. 

Retorno. Marcos Oliveira, presidente da Iochpe-Maxion, grupo brasileiro com cinco fábricas no País, diz que o processo de digitalização das linhas de produção estão em fase inicial, e está sendo feito com base no retorno do capital investido. Os processos são voltados à redução de desperdícios, melhora de qualidade e eficiência e do meio ambiente.

Uma das fábricas do grupo, por exemplo, está implementando um sistema de tratamento de efluentes que otimiza o uso de produtos químicos. Segundo Oliveira, o sistema mede o Ph da água e dosa a quantidade exata de produtos químicos necessários. 

“A indústria 4.0 é só um pilar da transformação digital, que é um processo abrangente”, ressalta o executivo. Para o longo prazo, ele espera ver as 31 fábricas do grupo espalhadas por 14 países conectadas e produzindo com os mesmos níveis de qualidade e eficiência.

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