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Forte concorrência faz GM antecipar investimentos no País

Nova presidente diz que meta não é fazer da empresa a número um em vendas no Brasil, mas a ''melhor''

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A forte concorrência no mercado automotivo brasileiro, principalmente com a chegada das fabricantes asiáticas Chery e Hyundai, levou a General Motors a antecipar seus planos de investimentos no País. O atual, de R$ 5 bilhões, termina em dezembro de 2012, mas a empresa já trabalha com a matriz na liberação de um novo programa para os três a cinco anos seguintes.Ainda resta R$ 1 bilhão do programa em andamento, a ser gasto no próximo ano. "Já começamos a trabalhar na aprovação de um novo plano", disse ontem a nova presidente da GM do Brasil, Grace Lieblein, no cargo desde 1.º de junho. Ela não quis antecipar valores, mas informou que o novo aporte será usado no desenvolvimento de novos produtos, tecnologias e expansão das fábricas do grupo.O presidente da GM para a América do Sul, Jaime Ardila, acrescentou que, "para ser competitivo no Brasil, será preciso investir muito". Sobre a chegada de novos concorrentes foi direto: "Eu quero vê-los aqui, produzindo aqui, enfrentando as mesmas dificuldades; aí vamos saber quem é competitivo". No ano passado, a GM tinha 20% do mercado brasileiro, participação que está em 18,5% este ano.Ardila disse que, até o fim deste ano, o grupo deverá anunciar pelo menos parte do novo programa. O plano quinquenal de investimento, iniciado em 2008, previa a renovação da gama de produtos da marca, a construção da fábrica de motores em Santa Catarina e ampliação da capacidade produtiva das quatro unidades de veículos e autopeças. Ainda faltam nove lançamentos, dos quais seis em 2012 e três neste ano - o Cruze, substituto do Vectra, será produzido na fábrica de São Caetano do Sul (SP) a partir de setembro.O novo aporte virá de recursos gerados internamente, informou Ardila. Parte será direcionada ao centro de desenvolvimento da empresa, que vai focar a atuação em produtos para os mercados emergentes. Ontem, a GM mostrou dois veículos conceito - que servirão de base para lançamentos futuros: o sedã Cobalt (do segmento do Astra) e a picape média Colorado. "São produtos globais totalmente desenvolvidos no Brasil e exemplos do que se pode esperar de produtos futuros", disse Grace.As cinco prioridades em sua gestão, segundo Grace, serão a melhoria da qualidade dos produtos da marca, buscar maior competitividade, garantir a satisfação do cliente, desenvolver novos talentos no quadro de funcionários e assegurar uma linha de veículos completa.A executiva citou ainda não ter o objetivo de fazer da General Motors a número um em vendas no Brasil, mas a "melhor". Mercado. Ardila afirmou não estar satisfeito com os resultados da indústria brasileira, que no primeiro semestre registrou aumento de 10% nas vendas em relação a igual período de 2010."Esse crescimento está sendo estimulado pelas vendas especiais (para frotistas e locadoras), pois o varejo está parado", desabafou. "Se, com as medidas de contenção de crédito, o governo estava tentando frear o consumo, no caso da indústria automobilística está garantido." Esse tipo de venda, segundo ele, não é sustentável. As vendas especiais representam hoje 27% dos negócios da indústria, quando o razoável, disse, é entre 20% e 22%.Apesar disso, ele mantém projeções de vendas totais de 3,7 milhões de veículos, 5% a mais que no ano passado. De acordo com Ardila, as vendas de veículos na América do Sul cresceram 16% na primeira metade do ano, para cerca de 2,7 milhões de unidades, resultado que o surpreendeu. A região, disse ele, deve ser a área a registrar maior crescimento neste ano."A China está crescendo mais devagar, a Europa está em dificuldades e a América do Sul deve ser a estrela", disse o executivo, citando Colômbia, Chile e Argentina como destaques em vendas.Ardila também reclamou da falta de competitividade do Brasil, em razão do real valorizado e dos altos salários dos funcionários. Em unidades, as exportações do grupo estão empatadas com as importações.A GM, no entanto, se destaca na exportação de serviços de engenharia, que já respondem por 40% do faturamento com o comércio exterior. Até agora, foram vendidos o equivalente a US$ 500 milhões em serviços como desenvolvimento da arquitetura de novos veículos e assessoria sobre motores flex, ante US$ 300 milhões em 2010.

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