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Fórum Econômico Mundial abre suas portas para Bolsonaro

Em primeira declaração depois da eleição no Brasil, organizadores esperam que presidente eleito faça uma 'contribuição construtiva' em debate internacional

Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - Os organizadores do Fórum Econômico Mundial, em Davos, esperam uma "contribuição construtiva" do presidente eleito Jair Bolsonaro no debate sobre os desafios internacionais e o aguardam para o evento no fim de janeiro de 2019, na estação de esqui dos Alpes.

Bolsonaro escolheu Chile, EUA e Israel como os destinos de sua primeira viagem internacional Foto: Ricardo Moraes / Reuters

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"O objetivo da reunião anual do Fórum Econômico Mundial é o de trazer líderes para lidar com desafios comuns", disse ao Estado a chefe da entidade para América Latina, Marisol Argueta. "O Brasil, como uma importante economia emergente, pode jogar um papel significativo em lidar com desafios regionais e globais", afirmou. "Esperamos que o presidente eleito Bolsonaro possa se unir a nós em janeiro e fazer uma contribuição positiva e construtiva em direção a esses nossos objetivos."

Bolsonaro escolheu Chile, EUA e Israel como os destinos de sua primeira viagem internacional. Mesmo sem ter anunciado o futuro chanceler, o roteiro indica a preferência por parceiros comerciais que compartilham sua visão de mundo. Bolsonaro prometeu durante a campanha adotar uma política externa não ideológica.

Davos, porém, espera que Bolsonaro inclua o evento na Suíça em sua agenda, o que seria sua estreia diante da elite da economia mundial. Assuntos como a reforma do sistema comercial, a situação econômica brasileira, o papel dos mercados emergentes e mesmo os desafios de tecnologia e climáticos são alguns dos pontos que poderiam entrar na agenda.

Na semana passada, o presidente do Fórum, Borge Brende, falou ao Estado sobre os desafios que o próximo governo terá. "Reformas são necessárias no Brasil", disse. "Um pouco já foi feito. Mas essa tendência precisa continuar", ressaltou ele. "No longo prazo, o Brasil tem enormes oportunidades. Mas, no curto prazo, há desafios reais que terão de ser tratados", disse Brende, que foi chanceler norueguês entre 2013 e 2017. "O País tem condições de superar isso. Educação e inovação terão de ser incentivados."

Competitividade

Davos também deixa claro que o próximo presidente da República assume um país pouco competitivo e avaliado como tendo a pior carga de regulações do setor público em todo o mundo.

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O resultado desse cenário foi, uma vez mais, a queda do Brasil no ranking internacional de competitividade, afetada ainda pela falta de abertura da economia nacional, um mercado de trabalho pouco flexível, crime e falta de qualidade na educação.

A classificação foi divulgada pelo Fórum Econômico Mundial que, neste ano, apresentou o Brasil na 72.ª posição. Em 2017, a economia brasileira era a 69.ª mais competitiva do mundo.

Na avaliação do Fórum, países como Armênia, Bulgária ou Romênia têm hoje economias mais competitivas que a brasileira. O País também é o menos competitivo entre os membros dos Brics e, mesmo na América Latina, o Brasil aparece apenas na 8.ª posição.

Para completar, o País continua sendo um dos mais fechados do mundo em termos comerciais. Quanto a tarifas de importação, apenas 15 economias são consideradas menos competitivas que a brasileira. No critério que mede barreiras técnicas, o Brasil também aparece entre os quatro piores.

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