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Fórum Parlamentar tenta contornar divergências

Por Agencia Estado
Atualização:

O 2º Fórum Parlamentar Mundial exigiu esforço dos participantes na tentativa de superar posições divergentes. Realizado dentro do Fórum Social Mundial (FSM), em Porto Alegre (RS), o encontro foi concluído ontem com a aprovação de várias resoluções, mas algumas questões provocaram polêmica e não tiveram unanimidade. Uma delas foi o texto que trata da ação militar no Afeganistão. A moção presta solidariedade às vítimas do terrorismo em 11 de setembro e critica a política do governo do presidente norte-americano, George W. Bush, no país asiático, entre outras observações, disse o deputado federal Aloizio Mercadante (PT). Parlamentares de países que participaram ou apoiaram a coalizão antiterror liderada pelos Estados Unidos demonstraram contrariedade com a proposta. Não havia nenhum representante do parlamento norte- americano no evento. Declaração de Powell sobre guerra também não consegue consenso Outra proposta sem unanimidade foi uma declaração que condena afirmações do secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, durante o Fórum Econômico Mundial, ao indicar o Irã, o Iraque e a Coréia do Norte como possíveis alvos de ataques militares do país. Um representante da Frente Ampla, do Uruguai, votou contra. "Não há contradição entre as duas moções: a primeira é a condenação aos atos e a segunda é mais precisa e fala contra novos ataques", justificou Mercadante. Abrangente em termos políticos, o encontro parlamentar recebeu representantes da direita francesa. Nos debates, as diferenças apareceram. "Há pessoas que têm formação política diferente", observou o deputado socialista francês Harlem Desir. "É evidente que em questões de guerra é mais difícil trabalhar até um consenso", acrescentou. Para ele, num fórum parlamentar não se pode impor posições, "se não a divisão explode". Desir defendeu "o respeito à diversidade" e disse que os participantes "devem evitar o sectarismo". Questionado sobre a diversidade do Fórum Parlamentar em comparação ao FSM, Desir disse que o evento antiglobalização "é muito pluralista, recebe todas as organizações". Já a deputada italiana Monica Frassoni disse que a reunião dos parlamentares tenta ser "mais aberta". A geografia do evento também foi valorizada, apesar da hegemonia de parlamentares latinos e europeus, com 503 brasileiros. A Itália tinha 78 integrantes e a França, 77. Argentina (70), Bélgica (31) e Espanha (30) também enviaram delegações numerosas. Em compensação, a participação da Ásia foi restrita. O encontro recebeu um representante de Brunei e um da China. Para o próximo encontro, que também será dentro do FSM em 2003, os parlamentares assumiram o compromisso de trabalhar pela integração das áreas do planeta que ficaram excluídas desta edição. Mercadante disse que no Fórum Parlamentar não há qualquer tipo de exclusão, mas ressaltou que o organismo só aceita representantes eleitos democraticamente em seus países. Assassinatos de prefeitos petistas foram condenados Entre as declarações aprovadas no Fórum Parlamentar, Mercadante informou que o organismo condenou as ameaças a dirigentes petistas e os assassinatos dos prefeitos de Santo André e Campinas, bem como o assalto à sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT). O deputado petista observou que os crimes não tiveram uma investigação conclusiva e, portanto, permanece a impunidade. O encontro criou um novo organismo: uma rede parlamentar internacional, que terá site na Internet. A idéia, explicou Mercadante, é trocar projetos e organizar campanhas mundiais dos parlamentares. A rede será distribuída em pólos regionais. Nas áreas sem representação, a União Européia ficará encarregada da mobilização. Nas Américas, a intenção é utilizar a forma do Fórum de São Paulo, organismo que tem quatro coordenadores: o PT, o PRT do México, o PC de Cuba e a Frente Ampla do Uruguai. Entre as decisões com efeito prático imediato, os parlamentares aprovaram uma resolução sobre o financiamento do desenvolvimento. Por ela, irão defender, como proposta para a conferência das Nações Unidas que tratará deste tema em Monterrey (México), em março, a anulação das dívidas dos países pobres, a renegociação dos débitos das demais nações do Terceiro Mundo, a taxação das transações financeiras internacionais e o fim dos paraísos fiscais.

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