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Fracassa reunião sobre gás entre Rússia e Ucrânia

Comissão Europeia atribui falta de consenso à Gazprom; observadores internacionais causam discórdia; parte da Europa segue sem combustível

Por Andrei Netto e PARIS
Atualização:

A primeira reunião entre representantes dos governos da Rússia e da Ucrânia e das empresas Gazprom e Naftogaz ontem, em Bruxelas, que deveria resultar em um acordo para a retomada da entrega de gás à Europa, fracassou. Segundo o comissário europeu de Energia, Andris Piebalgs. a conferência não saiu do impasse porque Moscou teria se recusado a assinar um acordo prevendo o deslocamento de observadores internacionais aos dois países. Acompanhe online as notícias sobre a crise Mapa com países abastecidos pelo gás russo A crítica ao governo russo foi a tônica das manifestações ao término da reunião, intermediada pela Comissão Europeia. Conforme Martin Rima, ministro de Energia da República Checa - país que exerce a presidência rotativa do Conselho Europeu -, representantes da Gazprom teriam se negado a aceitar uma trégua na crise. "Nós estamos decepcionados por esta posição", afirmou Rima. A posição da companhia entrou em contradição com o discurso do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin. "Tão logo os observadores cheguem e comecem a trabalhar, o fluxo de gás será imediatamente restabelecido", havia declarado na quarta-feira. De acordo com Alexei Miller, diretor-presidente da Gazprom, a empresa exige a presença de russos entre os observadores, cláusula que não era prevista na proposta de acordo em discussão ontem. Miller imputou aos executivos da Naftogaz a culpa pela continuidade do corte do suprimento de gás: "Nós tínhamos a possibilidade de retomar a distribuição. A responsabilidade repousa sobre a parte ucraniana." Insatisfeito com o impasse, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, reiterou que a prioridade é evitar que o conflito entre Rússia e Ucrânia exponha ao perigo os países-membros da União Europeia: "As discussões estão em curso com os parceiros russos e nós lhes pedimos que aceitem com urgência um acordo." Na maior parte da Europa Central e do Leste, o inverno tem registrado nevascas recordes e temperaturas em torno dos 30°C negativos, situação que torna imprescindível o aquecimento em residências, escolas, hospitais e prédios da administração pública. No terceiro dia de corte do fornecimento de gás, o racionamento segue nos países mais dependentes do combustível russo. Na Bulgária, o consumo de gás por empresas está limitado. Só são realizadas operações cirúrgicas de urgência. Em Sófia, 68 escolas fecharam, a iluminação pública foi reduzida e os sistemas de aquecimento nos transportes públicos estão restrito aos horários de pico. Segundo a companhia Bulgargaz, o país tem autonomia de 110 dias, caso o consumo seja reduzido a 30% do total. A crise teve início nos últimos dias de 2008, oficialmente em torno de uma dívida de US$ 2 bilhões da Naftogaz para a Gazprom e de negociações sobre o preço do gás.

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