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Fraga aceita ficar no BC se FHC o indicar para transição

O presidente do BC afirmou também que não há uma fórmula fechada para se averiguar a tendência de inflação ao longo do tempo.

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, tornou a repetir hoje que aceitaria permanecer à frente da instituição caso o presidente Fernando Henrique Cardoso o indique após a aprovação de um projeto pelo Congresso Nacional que dá autonomia ao banco. Foi a resposta de Fraga a especulações sobre sua possível permanência no BC no próximo governo. Sobre a declaração do senador José Alencar (PFL-MG), possível vice da chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defendendo sua permanência, Fraga agradeceu a lembrança, mas disse que não estava considerando o assunto até porque tem excesso de trabalho no momento. Inflação Fraga disse hoje também que não é possível construir uma fórmula fechada para se averiguar a tendência de inflação ao longo do tempo. A afirmação é do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, ao responder que a adoção de um "core" de inflação como meta não significa um indicativo seguro para a tendência dos preços. "Não é possível construir uma fórmula. A cada momento, há uma situação diferente, um choque positivo diferente", afirmou, lembrando que o trabalho da autoridade monetária é exatamente o de verificar as hipóteses e as variáveis para tomar suas decisões. Ele lembrou que boa parte disso está atrelada ao tamanho dos choques. Nesse sentido, disse que os grandes choques ocorridos no ano passado são "perfeitamente administráveis" ao longo deste ano e "um pouco no ano que vem". Inércia de choques O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, admitiu hoje que a autoridade monetária preferiu não combater a inércia ainda existente dos choques ocorridos ao longo de 2001 somente neste ano. Esse prazo, segundo ele, coerente com a filosofia de diversos bancos centrais de outros países, será estendido também para os anos seguintes. De acordo o presidente do BC, esta é a principal explicação para a decisão da redução de 0,25 ponto percentual da taxa básica dos juros, na última reunião do Copom, e, segundo ele, será explicada de maneira detalha na ata dessa reunião, que será divulgada na quinta-feira. Fraga ressaltou que essa atitude não significa qualquer abandono ou afrouxamento sobre o regime de metas de inflação. "Quase todos os bancos centrais de países com regimes semelhantes seguem essa filosofia", declarou. ´Core Inflation O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse que a adoção do índice do núcleo de inflação (core inflation) em comparação com o atual índice cheio não traria "diferença prática". Segundo ele, a autoridade monetária não tem um grau de confiança no atual sistema de apuração do núcleo. Isso, segundo Fraga, poderia levar a conclusões erradas. "É melhor trabalhar com o índice cheio", afirmou, ponderando que o importante é entender o que provocou a inflação passada e procurar entender porque esses fatores tendem a não se repetir. "O índice núcleo enriquece a discussão, mas não é uma solução mágica", disse. Fraga tornou a afirmar que o BC está acompanhando a trajetória de inflação longa, olhando para o período de mais de 18 meses.

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