PUBLICIDADE

Publicidade

Fraga acredita que medidas acalmaram mercado

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse hoje que o mercado se comportou dentro do esperado na última sexta-feira, depois das medidas anunciadas para o controle da liquidez. "Essas coisas também não acontecem da noite para o dia", afirmou. Segundo ele, as medidas anunciadas pelo governo foram para demonstrar ao mercado que o governo tem munição para controlar eventuais crises. "Qual é a real situação: a inflação vem caindo, a economia, apesar de toda essa ansiedade, vem crescendo, num ritmo modesto, mas vem crescendo. Os bancos estão sólidos, ninguém tem que se preocupar com isso", afirmou. Fraga explicou, em entrevista ao programa Bom Dia Brasil, da TV Globo, a atuação do Banco Central nos últimos dias. Segundo ele, de uns tempos para cá o mercado ficou mais avesso ao risco e, em função disso, a demanda por investimentos de longo prazo diminuiu. "O que nós temos feito na outra ponta para amortecer um pouco essa situação é encurtar um pouco os prazos e isso vai dando um espaço para quem não quer ficar com investimentos de longo prazo encontrar um porto seguro", afirmou. "Essa é a principal ação. Estamos enxugando a liquidez dos compulsórios e, da parte cambial, temos uma série de recursos para aplicar, se necessário", acrescentou. Nervosismo O presidente do Banco Central disse que o nervosismo do mercado nestes últimos dias deve-se, em parte, à situação política do país, em ano eleitoral. "Em parte sim. Há uma certa dúvida quanto ao futuro e a nossa resposta tem sido a seguinte: eu não acredito que quem vem por aí, quem quer que seja, vai abrir mão da responsabilidade fiscal, das regras, do Estado de direito, dos contratos. Não há razão. É como receber uma bola dentro da área e decidir parar o jogo. Minha impressão é que o melhor é chutar para o gol", afirmou. "O que temos feito, na prática, já que há esse nervosismo, é acalmar a situação oferecendo opções de curto prazo enquanto se aguarda uma definição ou uma volta de confiança no que vem depois", acrescentou. Fraga reiterou que é uma "bobagem" comparar a crise do Brasil a da Argentina. "De jeito nenhum. Isso é uma bobagem. A Argentina teve problemas de fraturas múltiplas, problemas bancários, cambiais, fiscais, políticos. Nós temos um problema de uma certa ansiedade com um pano de fundo perfeitamente administrável", afirmou. Inflação O presidente do Banco Central disse que se a inflação estiver caindo os juros podem cair. "Nós temos agora nesta semana uma reunião (do Copom) que vai ser das mais interessantes, porque a situação é muito complexa", admitiu. Segundo ele, a inflação vinha caindo até a última semana e ainda hoje a diretoria do BC vai se reunir para "mergulhar nos números" e "entender melhor o que vem pela frente". Com relação ao trauma provocado pela perda nos fundos, por parte dos investidores, Armínio Fraga disse que isso será temporário. "O que aconteceu com os fundos, em primeiro lugar, é que todos, DI e renda fixa, têm investimento em título de renda fixa, grande parte do governo. Como os títulos de março e abril para cá se desvalorizaram um pouco, todos tiveram rentabilidade mais baixa. Alguns foram reconhecendo essa perda ao longo do caminho, assim como a meu ver vão reconhecer os ganhos na volta, porque na minha leitura essa perda é temporária, o governo vai pagar sua dívida", afirmou Fraga. Segundo ele, as regras já eram claras desde 1996. "Era preciso marcar a mercado os fundos. Foi isso o que aconteceu. Os títulos do governo sofreram algum deságio", explicou. Segundo Fraga, o dinheiro que saiu dos fundos ficou nos bancos. "O volume de remessas para o exterior que estamos vendo neste mês está bem abaixo do mês passado", afirmou. Ao final da entrevista, Armínio Fraga fez um prognóstico para a partida Brasil e Bélgica. Segundo ele, o Brasil ganhará, com um placar de 3 a 1. Fraga deu também entrevista ao Financial Times. Para ler sobre suas declarações ao jornal britânico, clique aqui

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.