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Fraga defende ajuda imediata à Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, defendeu ajuda imediata à Argentina. Não se deve ficar esperando, segundo ele, que o governo apresente um plano completo. É fácil, afirmou, olhar para trás e ficar falando sobre os erros que foram cometidos. Houve erros, sim, continuou Fraga, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI), que aprovou os planos argentinos, tem uma junta diretora em que todos os sócios da instituição estão representados. Enquanto nada se faz para apoiar o país, há o risco de que as coisas piorem, advertiu. Ele admitiu mais tarde, no entanto, numa conversa com interlocutores brasileiros, que estava menos pessimista quanto à ajuda argentina ao chegar aos Estados Unidos, há poucos dias. Fraga tem tido contatos informais com funcionários do governo americano e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Fraga defendeu a ajuda a Argentina durante um debate no Fórum Econômico Mundial. Ministros, funcionários e ex-funcionários de governo, economistas e representantes de organizações não governamentais reuniram-se para discutir a atuação do FMI e do Banco Mundial. O presidente do BC argentino, Mario Blejer, não apareceu, por causa da crise desencadeada, em Buenos Aires, pela decisão judicial contra o corralito. Sobre a mesa, diante do lugar que lhe era destinado, ficou uma placa com seu nome. Fraga havia defendido o auxílio à Argentina também na Reunião Informal de Líderes Econômicos, um encontro fechado que se realiza, todo ano, durante a reunião anual do Fórum. "Sempre estivemos prontos para ajudar e ajudaremos", disse o subsecretário de Estado dos Estados Unidos para Assuntos Econõmicos, Empresariais e de Agricultura, Alan Larson. Se o governo americano errou em relação à Argentina, disse o subssecretário, foi por ter procurado ajudar tanto quanto pôde os dirigentes políticos do país. Larson náo disse, no entanto, quando poderá surgir a nova ajuda. Recuperação - O secretário do Tesouro, Paul O´Neill, continuou a insistir publicamente, nos últimos dias, em que o governo argentino apresente, em primeiro lugar, um plano confiável de recuperação econômica. A maior parte do debate sobre FMI e Banco Mundial concentrou-se na crise argentina. O professor Jeffrey Sachs, de Harvard, crítico habitual do Fundo, inocentou desta vez a instituição. O governo argentino, disse, tomou as decisões durante dez anos e nada foi imposto pelo FMI. Muitos viram que a crise se aproximava, acrescentou, mas nada se fez em Buenos Aires para evitá-la. No momento, segundo Sachs, o que se pode fazer de melhor é dar uma folga à Argentina até que possa retomar o pagamento da dívida. Ele sugeriu que isso seja feito de forma "institucional". Sachs disse que teria sido melhor dolarizar a economia argentina do que desvalorizar o peso. Durante uma década, argumentou, o governo agiu como se nunca pudesse ocorrer a mudança cambial. A cada avanço foi plantado uma nova mina terrestre. Agora, a cada passo atrás há uma explosão. O ministro das Finanças da África do Sul, Trevor Manuel, discordou de Sachs, afirmando que a dolarização prejudicaria o poder de competição da Argentina (uma das vantagens da desvalorização é baratear os produtos exportados e encarecer os importados). Stanley Fischer, que deixou no ano passado o segundo posto mais importante do FMI, disse que a crise não era tão previsível quanto agora se diz, e que durnte sete anos a economia argentina andou muito bem, exibindo alguns dos melhores resultados de sua história. Admitiu, no entanto, que países com câmbio fixou são propensos a crises - ainda que haja alguns casos de experiências bem sucedidas, como o de Hong Kong. O câmbio fixo, lembrou, foi abandonado no mundo rico entre 1968 e 1973. Fischer é hoje vice-presidente do Citigroup e assessor especial do Fórum Econômico. Uma crise política - O único argentino envolvido no debate foi o presidente do Banco Hipotecário S/A, Miguel Kiguel, subsecretário de Finanças do Ministério da Economia na segunda gestão do presidente Carlos Menem. Os problemas argentinos mais difíceis, segundo Kiguel, não são os econômicos. A grande crise, disse o economista, é política, institucional e social. Os políticos estão desacreditados, não há confiança nas instituições e o presidente da República está envolvido num conflito com o Judiciário. No lado econômico, acrescentou, uma das tarefas fundamentais deve ser a capitalização do setor financeiro e para isso será necessária o auxílio das instituições internacionais. O presidente do Banco Central do México, Guillermo Ortiz, concordou com Kiguel quanto à gravidade da crise política. Em países que venceram crises financeiras nos anos 90 - ele mencionou Mèxico, Brasil e Coréia - a liderança política funcionou e isso tornou mais fácil o apoio internacional, disse Ortiz.

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