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Fraga defende dólar flutuante mas vê exagero na alta

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse hoje que há, no momento, um claro "exagero cambial" no País, mas defendeu a atual política de câmbio flutuante. Segundo ele, o Brasil não está acometido de nenhum dos quatro pecados capitais que ameaçam economias que vivem turbulências financeiras e cambiais associadas ao momento de transição política. Esses pecados, de acordo com Fraga, são a taxa de câmbio fixa; a fragilidade bancária, com pouca liquidez no sistema financeiro; desequilíbrio fiscal; e exagerada presença de dívida de curto prazo. De acordo com o presidente do BC, o País está livre do câmbio fixo e não há sinais de fragilidade financeira da economia. Além disso, ele lembrou que houve uma mudança do regime fiscal do País, que afastou o perigo de desequilíbrios nessa área e a dívida de curto prazo, do ponto de vista do governo, é hoje muito curta do que no passado. Fraga lembrou que a dívida interna, que hoje tem prazo médio de 32 meses, no passado já foi inferior a um ano. Por tudo isso, ele argumentou que, do ponto de vista estrutural, não há razão para "atitudes exageradamente temerosas" em relação ao futuro do País. Economia global O presidente do Banco Central disse não há razão para um pessimismo exagerado com a economia global e sublinhou que é "razoável" que o País esteja registrando crescimento anual de 1,5%, como no ano passado, apesar de enfrentar tantos obstáculos internos, como a crise de energia, ou externos, como a desaceleração global. Fraga disse não ter dúvida de que com a melhoria do cenário externo o País vai recuperar um ritmo mais rigoroso de crescimento. O presidente do BC lembrou que hoje, uma das principais perguntas que se faz no País é "o que fazer para sair dessa situação de medo e até de paralisia que caracteriza o momento econômico, pelo menos para os investimentos de longo prazo". Eleições O presidente do Banco Central afirmou as eleições presidenciais são uma nova variável, que colocam em compasso de espera as decisões na economia. Mas destacou que o Brasil tem hoje "um bom caminho pela frente, que tem sido abraçado pelos principais candidatos" e não há o que temer. Segundo ele, o consenso com as principais questões de política econômica, que tem sido demonstrado no debate público com os candidatos, e a liquidez de que dispõe o País como resultado do apoio internacional são uma resposta às dificuldades nesse momento de incerteza eleitoral. "É em cima dessa base de um consenso sobre o bom senso e do apoio internacional que vejo que o Brasil tem hoje um bom caminho e condições de superar os momentos de tensão e turbulência", afirmou. O presidente do BC fez palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro e participou da solenidade de lançamento da moeda de R$ 1 com a efígie do ex-presidente Juscelino Kubitscheck. Fraga afirmou que procurou "transmitir aquilo que era uma característica de Juscelino Kubitschek: uma atitude positiva, otimista, mas com os pés firmemente implantados no chão. Um otimismo realista, com senso prático, que é o que precisamos neste momento".

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