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Fraga prepara carta explicando inflação de 2001

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, enviará na próxima semana carta aberta ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, justificando o não cumprimento da meta de inflação em 2001. A meta de inflação no ano passado era de 4% sendo admitido, como nos dois anos anteriores, desvio de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Em 2001 a meta de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 7,67%. O documento, além de explicar as razões da alta da inflação, lançará diretrizes a serem seguidas pelo BC para evitar que o teto da meta seja extrapolado novamente em 2002. O centro da meta para 2002 está fixado em 3,5%. Esta foi a primeira vez que a meta de inflação não foi cumprida pelo BC. Em 1999, primeiro ano da implantação do novo sistema, a meta fixada era de 8%. O efetivo ficou em 8,94%, dentro do permitido para o desvio. Em 2000 a inflação medida pelo IPCA ficou em 5,97%, abaixo da meta de 6% fixada para o ano. O descumprimento da meta no ano passado já era mais do que esperado. No último relatório de inflação, divulgado no final de dezembro, o Banco Central já admitia que a inflação ficaria acima do limite de 6% devido aos diversos choques sofridos pela economia - como a crise da oferta de energia, a situação da Argentina e os atentados terroristas nos Estados Unidos. Com a inflação fora dos trilhos em 2001, por pouco o governo brasileiro não teve que dar explicações ao Conselho de Administração do FMI. De acordo com os termos do último acordo firmado com o FMI, essa explicação seria necessária caso a inflação brasileira ficasse, em 2001, acima de 7,8%. Mesmo assim o governo brasileiro terá que discutir com o corpo técnico do Fundo medidas apropriadas para solucionar o desvio, uma vez que o índice apurado ficou acima da banda estreita de variação, também prevista no Memorando Técnico de Entendimentos. Para 2002, os índices de inflação divulgados no início do ano - IPC da Fipe de 0,46% para a primeira quadrissemana de janeiro, IPCA de 0,65% para dezembro e IGPM de 0,47% - ainda não acenderam a luz amarela no Banco Central. "Não tem nada muito preocupante nestes índices, não", disse uma fonte da área econômica. A razão para a tranqüilidade está baseada numa expectativa de queda de 16% no preço dos combustíveis este mês, e na perspectiva de arrefecimento dos preços agrícolas ao longo do ano. Uma queda de 16% nos preços dos combustíveis terá um peso de 0,6% sobre o índice de inflação de janeiro. O peso dos alimentos sobre o IPCA é calculado em aproximadamente 17,5%. "Se a expectativa se confirmar e os preços dos alimentos caírem mesmo, teremos um impacto bom sobre o índice", comentou a fonte. De acordo com o governo, o comportamento dos preços agrícolas no ano passado foi atípico. Enquanto que em 2000 os preços subiram durante todo o ano e depois caíram nos meses de novembro e dezembro, isso não se repetiu em 2001. "Nossa expectativa é que a alta verificada em 2001 seja devolvida ao longo de 2002", argumentou a fonte.

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