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França adverte que não aceitará barreiras brasileiras

Por GENEBRA
Atualização:

A política comercial brasileira parece colecionar desafetos entre os parceiros internacionais. Depois da China, agora é a vez da França lançar ameaças contra o protecionismo brasileiro. Ontem, o ministro do Comércio francês, Pierre Lellouche, deixou claro que Paris está pronta para levar casos de violações aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC) e alerta que não aceitará políticas de "transferência de tecnologia forçada".Ontem, o decreto que dá benefícios a montadoras estabelecidas no Brasil entrou em vigor, criando barreiras para a entrada de carros importados. Questionado pelo Estado qual seria a atitude da França diante desses casos, Lellouche foi claro: "Vamos à OMC. Vamos ao órgão de solução de disputas". "É um novo mundo, com novos atores e poucas regras internacionais. Há uma nova correlação de forças e a OMC é um dos únicos lugares do mundo onde temos regras."Paris insiste que quer reforçar os tribunais da OMC para que seja capaz de tratar casos como os que os países emergentes começam a implementar. "Há uma forma de novo protecionismo brasileiro", disse o ministro. Segundo ele, um dos exemplos disso é a "imposição de medidas discriminatórias sobre o comércio de carros". "Entre as alas mais extremistas, há um discurso cada vez mais forte de que os países emergentes estão fazendo o que querem e que a Europa está sendo mole", disse."Não aceitaremos mais isso. Há uma segunda onda de protecionismo e não podemos ser os únicos virtuosos a manter nossos mercados abertos. Queremos uma Europa musculosa."Clima. O francês admitiu que, diante da crise internacional, o clima "não é favorável" para acordos de livre comércio e não dá indicações de que Paris tenha qualquer pressa em fechar o tratado entre a União Europeia e o Mercosul.Lellouche preferiu culpar o Mercosul pelo impasse, que já dura cinco anos. "Se o Mercosul estiver pronto, nós também estaremos", disse. O ministro chegou a apontar que, se não for possível fechar um acordo com o bloco sul-americano, a opção seria chegar a um entendimento com o Brasil. Pelas regras do Mercosul, Brasília não pode fechar acordos comerciais com parceiros sem a inclusão do bloco. "É uma escolha que o Brasil terá de fazer", disse. Uma prova desse clima nada favorável aos acordos são ainda os discursos dos candidatos à presidência na França. "Muitos deixam claro que querem um governo que proteja os interesses nacionais", disse. / J.C.

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