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França anuncia plano social de 2,6 bilhões

Por Andrei Netto
Atualização:

Depois dos planos bilionários de socorro ao sistema financeiro e à indústria automobilística, o governo da França anunciou ontem um "plano social" estimado em 2,6 bilhões. As medidas, equivalentes a 10% do plano de estímulo econômico, foram detalhadas ontem, durante reunião entre o presidente Nicolas Sarkozy, empresários e sindicalistas. A mais importante decisão foi a suspensão da cobrança de imposto de renda de 2,1 milhões de famílias, aquelas cuja renda anual fica entre 5,8 mil e 11,6 mil. Isso significa uma economia de 95 e 460 por família e a renúncia fiscal de 800 milhões por parte do Estado. O pacote ainda prevê o aumento do seguro-desemprego para trabalhadores em situação de "desemprego parcial" - equivalente às férias coletivas no Brasil - e a concessão de bônus em programas sociais para famílias numerosas, idosos, jovens e trabalhadores de baixa renda. Outra novidade foi a criação de uma comissão de economistas que terá dois meses para elaborar um mecanismo de compartilhamento dos lucros das companhias com seus funcionários. As medidas são um esforço do governo para reverter a crescente insatisfação social no país. À noite, Sarkozy se pronunciou durante 10 minutos em cadeia de rádio e TV. "Estamos no meio da crise. As cifras nós conhecemos e são piores em outros países", afirmou. "Não é um consolo, mas uma convicção: a França pode sair desta crise mais cedo que outros." No pronunciamento, Sarkozy detalhou as medidas, justificou a opção de não reajustar o salário mínimo - hoje de 1,3 mil por mês - e pediu "sangue frio" e apoio às impopulares reformas em curso em áreas como educação, pesquisa, saúde e a gestão do Estado. "Devemos enfrentar a crise juntos. O diálogo social é mais importante do que nunca. Nós recolheremos o fruto de nossos esforços. Tenho confiança no futuro", disse. Bernard Thibault, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), considerou as medidas insuficientes. Segundo ele, os principais sindicatos do país vão se reunir na segunda-feira para organizar novos protestos. Os sindicatos pedem que Sarkozy condicione os planos de socorro às empresas a compromissos sociais, como a manutenção do emprego.

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