30 de junho de 2012 | 03h07
A cúpula de Bruxelas, a 27.ª desde o início da crise das dívidas soberanas, foi a primeira de um novo cenário político na Europa. Desde a posse do presidente da França, François Hollande, a ênfase em austeridade fiscal foi reduzida e houve mais acento em crescimento econômico. Hollande tinha até imposto como condição à aprovação do Pacto de Estabilidade, que previa medidas de rigor, a criação de um Pacto de Crescimento e Emprego, o que aconteceu ontem.
Mas as vitórias mais expressivas foram obtidas por Itália e Espanha. O italiano Mario Monti deixou Bruxelas colhendo os louros de sua firmeza.
Na noite de quinta-feira, ele e Marino Rajoy, da Espanha, vetaram qualquer acordo caso não houvesse uma flexibilização no uso dos recursos do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). Obrigada a acatar, Merkel votou a favor do uso dos recursos para compra de dívidas soberanas e para a recapitalização do mercado financeiro.
Ao final da reunião, os líderes políticos tentavam convencer a imprensa de que os países do sul não tinham vergado a resistência de Angela Merkel. "Não há nunca vencedores e perdedores. Trabalhamos todos no interesse da Europa e procuramos um ponto intermediário a todos", disse ao Estado Jean-Claude Juncker, primeiro-ministro de Luxemburgo e coordenador do fórum de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo). Hollande foi na mesma linha. "Ninguém vai dizer eu ganhei ou eu perdi. Foi a Europa que ganhou e o euro em particular, o que era o objetivo", disse o presidente francês.
Mas, na Alemanha e na Itália, analistas políticos foram quase unânimes em afirmar que houve um recuo de parte da chanceler e uma posição decisiva do italiano. "Nós continuamos fiéis à nossa filosofia: nenhum benefício sem contrapartida", disse Merkel, reiterando: "Nós continuamos como sempre: apoio, contrapartida, condições e controle". / A.N.
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