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França recusa acordo proposto pela OMC

País rechaça abertura agrícola e recebe apoio de Polônia e Irlanda

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Por Redação
Atualização:

O governo francês deixou claro que não aceitará a proposta apresentada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para a liberalização dos mercados agrícolas e alerta que um acordo ''''ainda está muito longe'''' de ser atingido. O ataque dos franceses está sendo apoiado pela Irlanda e pela Polônia, dois dos países mais protecionistas na Europa, e também tem certa simpatia dos governos da Itália, da Grécia e da Espanha. Ontem, o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, reuniu ministros dos 27 países do bloco e garantiu que recebeu o apoio do grupo para continuar negociando e adotando a posição que vem defendendo. Os encontros entre os ministros europeus começaram no domingo à noite e foram concluídos ontem, às vésperas das reuniões em Genebra para tentar ditar qual será o futuro da Rodada Doha. Na Comissão Européia, diplomatas admitem que as propostas colocadas sobre a mesa são '''' realistas'''' e acreditam que a UE pode cumpri-las sem grandes esforços. Mandelson explicou que os cortes sugeridos nas tarifas de bens agrícolas poderiam ser implementadas pelos europeus. A proposta aponta para cortes que variam entre 66% e 73% nas barreiras mais altas. Para o comissário, a proposta está dentro dos limites aceitos pela UE. Ele já avisou que o bloco poderia compensar o corte de tarifas com a implementação de cotas de importação para produtos como carne bovina do Brasil. Os agricultores europeus, em comunicado emitido ontem, também alertaram que cotas terão de ser implementadas, principalmente nas carnes de frango, bovina e suína vindas do País. Mandelson admitiu que a UE terá de ''''lutar'''' para garantir que os produtos considerados sensíveis tenham um tratamento diferenciado.Mas insiste em que a proposta deve ser considerada como uma base para o início do processo. Entre os países membros, o tom não é o mesmo de Mandelson. Os franceses alegam que a proposta abre a possibilidade para que as tarifas de importação para produtos como carnes e leite sofram importantes quedas, abrindo espaço para as exportações brasileiras, americanas, argentinas e australianas. MELHORA Para Herve Novelli, secretário de Comércio da França, a proposta de abertura agrícola precisa ainda de ''''melhorias substanciais''''. ''''A grande maioria dos países considera que as propostas não são aceitáveis da forma que hoje estão'''', disse. ''''A Comissão Européia terá de trabalhar muito duro ainda. Estamos longe de um acordo'''', afirmou o secretário. Para Novelli, as sugestões da OMC não são suficientes para que um acordo seja obtido. ''''Estamos muito preocupados sobre as ofertas que estão sobre a mesa'''', afirmou. Os governos da Polônia e da Irlanda também acusaram a UE de estar indo '''' longe demais'''' em suas concessões agrícolas. Na sexta-feira passada, técnicos da Grécia, da Espanha e da Itália também deram indicações aos negociadores da Comissão Européia de que esperam que Bruxelas não ofereça uma abertura maior que o mandato que recebeu dos países.

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