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Friboi entra no mercado europeu

Grupo anunciou a compra, por ? 225 milhões, de 50% da Inalca, maior empresa de carne bovina da Itália

Por Agnaldo Brito
Atualização:

O Grupo JBS-Friboi, maior frigorífico para abates de bovinos do mundo, anunciou ontem a compra de 50% das ações da Inalca, uma das principais empresas do setor na Europa e líder do mercado italiano de carne bovina. O negócio inclui a compra da Montana, uma empresa de comida pronta, do mesmo grupo, que será incorporada à Inalca. Ambas as empresas são controladas pelo grupo italiano Cremonini. O valor do negócio é de ? 225 milhões. A conclusão da operação deve acontecer em janeiro. O Friboi incluiu no acordo de acionistas uma cláusula na qual tem preferência de compra se o grupo italiano quiser vender os outros 50% da empresa. Essa é a terceira aquisição anunciada pelo Friboi só neste ano. Em maio, o grupo - cuja história se iniciou em 1953 num pequeno açougue na cidade de Anápolis (GO) - comprou a Swift Foods & Company por US$ 1,4 bilhão, tornando-se a maior empresa em abates de bovinos do mundo. Em outubro, o Friboi comunicou a compra, por US$ 20 milhões, do frigorífico argentino Col Car S.A., localizado na cidade de Colonia Caroya, província de Córdoba. A aquisição foi coordenada pelo frigorífico Swift Armour da Argentina, negócio já controlado pelo Friboi desde 2005. Com a compra anunciada ontem, o grupo supera a capacidade de 50 mil abates de animais por dia em todo o mundo e, sobretudo, alcança o disputado mercado europeu. Além da Argentina, o Friboi chegou aos EUA e à Austrália depois da compra da americana Swift. O Friboi apresentará, hoje à tarde, os detalhes do acordo com o Grupo Cremonini, cujo compromisso formal será assinado no próximo dia 21. No comunicado distribuído ontem, o grupo apresentou o cronograma de medidas que devem ser tomadas antes de assumir metade da operação. O primeiro passo será dado pela própria Inalca, com a incorporação da Montana. Após essa incorporação, o Friboi fará o aumento de capital da Inalca no valor de ? 225 milhões. Depois, recebe as ações. A empresa brasileira não explicou como financiará o aporte de capital na nova parceira européia. Isso pode elevar a relação dívida líquida/geração de caixa, hoje em 3,3 vezes. Pelo acordo de acionistas, Friboi e Cremonini podem eleger o mesmo número de membros para o Conselho de Administração. O grupo italiano nomeará o diretor-presidente e responderá pela gestão. O Friboi indicará o presidente do Conselho. AVALIAÇÃO A reação do mercado ao anúncio não foi boa. As ações do Friboi fecharam com queda de 1,37%, a R$ 7,20. Sem detalhes do negócio, analistas tentavam apurar se o valor final foi caro. Pelos dados disponíveis da Inalca, a avaliação foi a de que o preço de ? 225 milhões por 50% da italiana foi elevado. "O valor pago pela empresa, dividido pela capacidade de abate, foi de ? 680 por animal abatido. O Friboi, segundo avaliação dada pelo mercado, valia R$ 771, se considerarmos a mesma relação", disse Rafael Cintra, analista de empresas de alimento da corretora Link. Como a compra da Inalca dá acesso ao mercado europeu e o controle de uma empresa de comida pronta, talvez esteja aí , diz o analista, a justificativa para o valor elevado. O fato é que a compra abre um novo mercado para o Friboi. Algo positivo, não fosse o fato de a empresa ter comprado a Swift há apenas seis meses e ter de operar ativos nos Estados Unidos e na Austrália. "O único sentido para o novo negócio é o de conseguir agregar a distribuição de alimentos no território europeu. O Friboi tem deixado de ser um mero frigorífico no Brasil. Torna-se pouco a pouco uma empresa com forte foco em distribuição de alimentos. Se for esse o plano, pode ter sido bom", diz Pedro Galdi, analista do ABN Amro.

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