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Frigorífico Independência suspende abate de bovinos

Empresa enfrenta problemas de caixa e vem atrasando o pagamento dos fornecedores

Por Alexandre Inácio
Atualização:

O frigorífico Independência suspendeu temporariamente o abate de animais em todas as suas unidades. A paralisação se deve a problemas no fluxo de caixa, que provocaram atrasos no pagamento de fornecedores desde sábado. Ontem, a diretoria da empresa discutiu os motivos que levaram ao atraso e informou que pretende retomar os trabalhos "o mais breve possível". Por ser uma paralisação temporária, os funcionários foram apenas dispensados e nenhuma demissão foi anunciada. A suspensão foi provocada pela retirada dos animais que já estavam na escala de abate. A empresa propôs aos pecuaristas que retirassem os animais dos currais do frigorífico ou que mantivessem o gado na linha de abate e aguardassem pelo pagamento, que não tinha data para ser efetuado. Como a maioria optou por retirar os animais, todas as 14 unidades de abate e desossa da empresa tiveram os trabalhos suspensos. Das 14 unidades de abate e desossa do frigorífico, há duas no Mato Grosso do Sul, cinco no Mato Grosso, duas em São Paulo e uma nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Rondônia, além de uma no Paraguai. A empresa tem capacidade instalada de abate de 11,8 mil cabeças por dia. No início de fevereiro, o Independência já havia anunciado a suspensão das atividades de sua unidade de Campo Grande (MS). Na época, a empresa informou que a suspensão estava relacionada a um ajuste entre a produção e a disponibilidade de animais para abate na região, que estava gerando uma ociosidade de 40% na unidade. A ideia era que os abates no local fossem direcionados para as unidades de Anastácio e Nova Andradina. Por conta disso, 400 funcionários foram demitidos e 100 transferidos. A empresa conseguiu chegar a um acordo com os detentores de títulos de dívida para alterar regras e diminuir seu grau de endividamento. A primeira alteração foi no nível máximo de alavancagem da empresa, necessário para realizar um ajuste diante da valorização do dólar em relação ao real. No terceiro trimestre do ano passado e em parte do quarto, 85% da dívida do Independência estava em dólar. Com a desvalorização do real, a dívida convertida em moeda local aumentou muito, ampliando o nível de alavancagem. A segunda mudança foi na regra que caracteriza uma mudança no controle da empresa. Pela regra vigente, se a família que controla o Independência tivesse menos de 50% das ações, esse fato deixaria caracterizado uma mudança no controle, o que permitiria que os detentores dos títulos exigissem o resgate imediato.

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