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FT defende ajuda do FMI ao Brasil e critica O´Neill

Por Agencia Estado
Atualização:

O jornal britânico Financial Times, em editorial sobre a crise econômica no Brasil, disse hoje que "há espaço para manobra" nas negociações entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI), apesar das opções estarem muito limitadas pelo fato de o atual acordo do país com o Fundo expirar três meses após as eleições presidenciais. "O FMI deveria permitir que o Brasil use mais de suas reservas para defender a sua moeda", disse o FT. Segundo o diário, os dois principais candidatos de oposição, Lula e Ciro Gomes, "deveriam considerar seriamente um novo acordo para sustentar a estabilidade durante a transição". O FT salientou que "embora tal acordo possa trazer custos eleitorais, o caos financeiro não traria vantagens para ninguém". O jornal afirmou que as dificuldades do Brasil "tornam cada vez mais urgente a necessidade da administração dos Estados Unidos e de outros governos do G-7 reexaminarem a sua postura para crises de dívidas". "A velha política estava desgastada mas ainda não há substituto", disse o FT. Distância da Argentina O diário britânico salientou que a queda de José Serra nas pesquisas responde parcialmente pelo nervosismo dos mercados. "Mas os investidores estão cada vez mais evitando os riscos por outras razões, com o default da dívida na Argentina e as suas contínuas dificuldades econômicas". O FT ressaltou que os fundamentos macroeconômicos e financeiros do Brasil são muito melhores do que os da Argentina, pois o País tem atingido as metas do FMI e um superávit primário por vários anos. "Mas o país não tem sido ajudado pelas equivocadas sugestões de que a sua situação é similar à do seu vizinho", disse o jornal. O jornal acrescentou que seria útil se líderes como o secretário de Tesouro dos EUA, Paul O´Neill, fossem mais cuidadosos. "Os recentes comentários de O´Neill, indicando que o Brasil e a Argentina estão no mesmo barco, foram particularmente danificadores". Compromisso O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, em entrevista ao FT sobre as negociações com o FMI, disse "que a idéia é explorar a possibilidade de novos desembolsos até o próximo ano". Segundo Fraga, "há muitas maneiras de se fazer isso e a dificuldade está no detalhe". Um graduado diretor do Fundo disse ao FT que o acordo vai depender, em parte, da avaliação do Fundo sobre o comprometimento dos candidatos à Presidência que lideram as pesquisas eleitorais, embora "isso não signifique necessariamente que eles precisem assinar um documento". Segundo o diário britânico, o governo brasileiro vai tentar reduzir o piso das reservas do BC de US$ 15 bilhões, liberando assim fundos para intervir nos mercados cambiais e de títulos. Mas Fraga rejeitou as especulações de que o governo poderia concordar com uma meta para a taxa de juros estabelecida pelo FMI.

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