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Funai comemora a Festa da Colheita em Mato Grosso com a cúpula do agronegócio

Setor vai conhecer 'o plantio de dois mil hectares de soja biológica' em terras indígenas, uma situação controversa e que é alvo de questionamentos jurídicos

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Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que vai comemorar a “Festa da Colheita” de grãos no Mato Grosso com a cúpula do agronegócio. O festejo, previsto para receber diversas autoridades e cerca de 400 pessoas, foi batizado de “1º Encontro do Grupo de Agricultores Indígenas”. 

Na quarta-feira, 13, o encontro prevê a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Estão confirmados ainda o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, e o diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Fernando Melo. Representantes da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estarão presentes. 

O encontro prevê a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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A cúpula do agronegócio vai conhecer “o plantio de dois mil hectares de soja biológica” em terras indígenas, uma situação controversa e que ainda é alvo de diversos questionamentos jurídicos. O governo quer expandir em diversas terras indígenas do País o modelo adotado na terra Utiariti, do povo Paresi. 

“Durante esses dias, lideranças indígenas estão reunidas na elaboração de um documento com reivindicações, como a criação de um Centro de Capacitação, que será entregue aos ministros e ao diretor da Funai”, informou a fundação.

Cerca de 2 mil indígenas cultivam soja, milho, mandioca, abóbora, batata, batata-doce, feijão, entre outros. Na safra 2018/2019, segundo a Funai, foram plantados no município de Campo Novo dos Parecis 8,7 mil hectares de soja, 1 mil de milho e 300 de arroz. “Para a safrinha deste ano, a previsão de plantação é de 7,7 mil hectares de milho convencional, 6 mil de feijão, 1,4 de girassol e 500 de milho branco, totalizando 15,6 mil hectares”, informou a autarquia.

O presidente da Funai, Franklimberg Ribeiro de Freitas, diz que “os indígenas têm o direito de escolher seu modelo de desenvolvimento econômico”. 

Reportagem publicada pelo Estado em dezembro revelou que a proibição legal de se explorar terras indígenas demarcadas não tem impedido que produtores fechem acordos com aldeias espalhadas por todo o País, avançando com o plantio de grãos e criação de gado sobre essas terras. 

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Segundo dados fornecidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai), por meio da Lei de Acesso à Informação, atualmente, 22 terras indígenas do País possuem áreas arrendadas para produtores. As negociações clandestinas entre produtores e indígenas incluem desde o pagamento de mensalidades para os índios, até a divisão da produção colhida ou vendida.

Nessas 22 terras, mais de 48 mil índios convivem hoje com a exploração ilegal do solo. A área total arrendada aos produtores externos chega a 3,1 milhões de hectares, um território equivalente a mais de cinco vezes o tamanho do Distrito Federal.