Diante da ameaça de suspensão de atividades, funcionários da Varig farão manifestações amanhã em São Paulo, Rio e Porto Alegre. Pilotos e comissários são representados pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), ligado à CUT, que marcou para as 6 horas o início do protesto no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), e para 7 horas no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O sindicato informa que pretende organizar uma concentração com 5 mil pessoas no Aeroporto Santos Dumont, do Rio, a partir de 15 horas de amanhã. A Força Sindical também vai participar do protesto em Congonhas. A entidade representa os aeroviários (trabalhadores em terra). Na sexta-feira, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, prometeu levar o assunto esta semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A companhia pede carência de pelo menos três meses para os pagamentos do combustível que compra junto à Petrobrás Distribuidora (BR) e das taxas aeroportuárias junto à Infraero. O presidente da empresa, Marcelo Bottini, informou também que pretende recorrer ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Uma eventual ajuda à Varig, porém, não é bem vista no Ministério da Fazenda. "Os grandes prejudicados por uma falência serão os trabalhadores, que perdem os empregos, e a União, que terá dificuldades para receber os R$ 4,5 bilhões do plano de refinanciamento da dívida da companhia em depósitos do INSS e tributos", protestou o presidente da Associação Trabalhadores do Grupo Varig, Márcio Marsillac. O plano de reestruturação da companhia, elaborado pela consultoria americana Alvarez & Marsal prevê o corte de 2,9 mil empregados, o que resultaria em uma economia anual de US$ 53 milhões. Além disso, os que ficam teriam que aceitar uma redução de salários, para que a empresa economizasse outros US$ 46 milhões. "Nós aceitamos sacrifícios como demissões e corte de salários. O governo tem que fazer a sua parte", diz Marsillac. Possibilidade de moratória Neste final de semana, o governo sinalizou que avalia com certa simpatia a possibilidade de conceder, por um prazo de até seis meses, a moratória pedida pela Varig. A idéia é suspender as cobranças das dívidas da empresa com a Infraero, estatal que administra os aeroportos, e a BR Distribuidora, que fornece combustível para aviões. É certo que não há unanimidade na administração federal a respeito da proposta. Alguns integrantes do primeiro escalão advertem que o governo pode ser acusado de descumprir a lei e sofrer ações do Ministério Público. Também temem que outras companhias aéreas passem a exigir o mesmo tratamento dispensado à Varig. Pesa a favor da moratória o receio das conseqüências políticas do fechamento de uma empresa que emprega 11 mil funcionários. Empenhado em conquistar a reeleição, o presidente Lula vai se apresentar na campanha como um lutador incansável pela criação de postos de trabalho. Também assusta a provável repercussão negativa do cancelamento das mais 20 mil passagens expedidas pela Varig para brasileiros que pretendem assistir aos jogos da Copa do Mundo da Alemanha, em junho.