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Funcionários dos Correios podem fazer paralisação no próximo dia 30, dizem sindicatos

Eles reivindicam melhores condições no plano de saúde que é oferecido pela estatal; movimentação em prol da greve começou em novembro passado, após liminar assinada por Toffoli

Por Maiara Santiago
Atualização:

Os funcionários dos Correios estão preparando uma paralisação para o próximo dia 30, conforme informado por sindicatos ligados a estatal. O motivo são os novos valores do plano de saúde, que a partir de fevereiro, já passam a ficar mais caros para os trabalhadores.

Segundo Marcos Alves, vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios, ADCAP, a ideia é que os sindicatos e organizações se reúnam ainda nas próximas semanas para decidir. "Há ações na justiça, inclusive no próprio STF, que pedem pela revisão dessa liminar aprovada pelo presidente do Supremo".

Correios Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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Ele também acrescenta que "até o momento, ainda não há um retorno se as ações irão ser avaliadas em curto prazo ou não. Se isso não acontecer, é natural que os trabalhadores partam para a greve".

Alves também conta que, nesse meio tempo, os funcionários da empresa têm sido "assediados diariamente com notas e boletins, que dão um prazo limite para que eles aceitem as novas condições". Segundo ele, a ação visa fazer com que os empregados da estatal "abram mão do benefício", uma vez que "existem opções particulares no mercado, muito mais baratas do que o preço que está sendo cobrado pela empresa".

 A liminar em questão foi aprovada por Dias Toffoli em novembro de 2019, e derrubou um acordo feito na Seção de Dissídios do Tribunal Superior do Trabalho, TST naquele ano. Na ocasião, ficou definido que a estatal arcaria com 70% das despesas com plano de saúde, enquanto que o funcionário precisaria pagar um restante de 30%.

O acordo do TST, que na época foi feito para dar fim a uma greve iniciada em setembro, tinha como intuito derrubar uma outra decisão dos Correios de 2018, na qual os funcionários começariam a arcar com metade dos custos do plano de saúde, deixando na proporção de 50% para o usuário do benefício e 50% para a empresa. 

Com a decisão, as internações em caso de doença também deixariam de ser pagas pela estatal. No entanto, com a liminar aprovada por Toffoli, a antiga cobrança de 50% volta a valer agora em 2020, para todos os funcionários da empresa que forem beneficiados pelo plano de saúde. 

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Em nota divulgada no site, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Fentect, disse que que irá fazer reuniões com os sindicatos já na próxima quarta-feira, 15, e também na quinta, 16, para decidir como irão seguir com a questão.

No mesmo comunicado, a Fentec ainda aconselha os funcionários das agências dos Correios "a não assinarem nada e muito menos a sair do plano de saúde". O sindicato também disse que se as decisões do STF forem mantidas, a categoria "aponta uma paralisação para o dia 30/01/2020, caso a direção da empresa insista em manter este ataque".

"O plano de saúde é um aspecto vital para os funcionários dos Correios, pois muitos dos trabalhadores não conseguem arcar com esse gasto de forma particular", disse Alves. Nesse caso, como a cobrança passaria a se iniciar já entre o final deste mês e o começo de fevereiro, "há um grande desespero dos servidores", para que isso se resolva antes, acrescentou o porta-voz.

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O anúncio de uma possível greve vem em um momento de grande indefinição para a empresa, que tem visto nos últimos meses um grande aceno da equipe do governo em prol da privatização. Na terça-feira passada, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que se pudesse, "privatizaria os Correios hoje", mas que não o faria, pois não podia "prejudicar os servidores".

No entanto, segundo Alves, não há uma ligação direta entre a situação dos planos de saúde com uma possível privatização dos Correios. Para o porta-voz, a decisão faz parte de um "crescente movimento em prol de melhorias nos resultados anuais da empresa", e acompanha o atual cenário de corte nos planos de saúde de boa parte das estatais.

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