25 de agosto de 2015 | 04h04
RIO - Prefeitos de 13 municípios do Estado do Rio e trabalhadores do Complexo Petroquímico de Itaboraí (Comperj) se juntaram ontem na porta da Petrobrás para protestar contra a desaceleração das obras do projetos. Vestindo preto, os manifestantes - cinco mil, segundo os organizadores -, chegaram em 120 ônibus fretados e durante quase quatro horas tentaram uma reunião com o presidente da estatal, Aldemir Bendine. Ao final, só foram recebidos por um grupo de gerentes.
O manifestantes alertam para o crescimento do desemprego e a perda de arrecadação dos municípios próximos ao Comperj por conta da queda no ritmo das obras nos últimos meses. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que quase 9 mil empregos formais foram fechados de janeiro a agosto em Itaboraí, cidade que abriga o empreendimento. Só em Imposto Sobre Serviços (ISS), o município viu sua arrecadação minguar de R$ 23 milhões em janeiro para R$ 8 milhões em março.
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"Já cortamos tudo o que poderíamos cortar. Nossa receita voltou a ser a de 12 anos atrás", disse o prefeito de Itaboraí, Helil Cardozo (PMDB), que fez críticas a Aldemir Bendine. "O que falta é vontade do presidente da Petrobrás", disse. No fim do ato, ele e o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PT), se reuniram com gerentes da Petrobrás. Eles foram informados dos planos da empresa de concluir o Comperj em 2017 ou, no máximo, 2018.
A Petrobrás desmentiu, em nota, algumas afirmações dos manifestantes. Enquanto eles dizem que as obras estão totalmente paradas, a empresa argumenta que "as obras da central de utilidades do Comperj, que via suportar a partida da unidade de processamento de gás natural (UPGN), estão em andamento". De acordo com a Petrobras, 11,5 mil trabalhadores estão em atividade no projeto.
Dívidas. Pelo centro do Rio, o que se ouvia dos manifestantes eram histórias de desemprego e de endividamento. Maury José da Cruz trabalhava no setor de movimentação de cargas e disse que, em junho, recebeu ordem de ficar em casa, sem receber salário - o último depósito foi em maio. Não recebeu baixa da carteira de trabalho e, com isso, não consegue arrumar nenhum outro emprego formal. "Cortamos tudo de supérfluo. Hoje, lá em casa tem só o básico", afirma.
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