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Fundação questiona atuação do presidente da Varig

Por Agencia Estado
Atualização:

A relação entre o presidente da Varig, Arnim Lore, e a acionista majoritária da companhia aérea, a Fundação Ruben Berta (FRB), está estremecida. O executivo já recebeu pelo menos três cartas assinadas pelos membros do Conselho de Curadores da fundação, questionando a posição supostamente arbitrária de Lore à frente do grupo e pedindo maior detalhamento das negociações com os credores. Uma das queixas do conselho diz respeito a um contrato que daria ao Unibanco, que encabeça o Comitê de Credores da companhia, privilégios no abatimento de parte de seus créditos junto à empresa. Fontes ligadas a conselheiros da FRB confirmam que há o temor de que os recursos que venham a ser liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a capitalização do grupo sejam desviados para o pagamento dos credores que integram o comitê, sem resolver a situação da empresa. O fato é que a maior parte da dívida da Varig, avaliada em cerca de US$ 900 milhões, diz respeito a órgãos do governo ou empresas estatais - só ao INSS a empresa deve R$ 589 milhões, segundo o órgão. Até o dia 30, a consultoria americana Bain&Company deverá entregar o resultado do estudo de viabilidade que está sendo elaborado para estruturar o plano de negócios da Varig após a recapitalização. Segundo uma fonte, os conselheiros da FRB já teriam tido acesso à avaliação e estão insatisfeitos com o valor atribuído à empresa. "Eles já concordaram em abrir mão do controle da Varig, mas não estão satisfeitos com a oferta que será feita pelas ações da companhia", diz a fonte. A direção do BNDES já teria indicado a Lore que é viável o banco liberar para a empresa, até o fim deste ano, um aporte de cerca de R$ 300 milhões, mediante a emissão de debêntures. O ingresso dos recursos estaria vinculado à participação de sócios privados na operação de capitalização, em especial os próprios credores, entre eles o Banco do Brasil, a BR Distribuidora e a GE Capital. Decisão Os desentendimentos entre a FRB e o novo presidente da Varig começaram a vir a público na semana passada, quando Lore demitiu o vice-presidente Comercial da companhia, Roberto Macedo, sem comunicar a decisão ao Conselho Administrativo da empresa. O órgão enviou uma carta ao presidente da companhia, lembrando que o afastamento de um diretor estatutário, como era o caso de Macedo, tem de passar pelo crivo dos conselheiros, que se reúnem hoje para tratar do assunto. Macedo foi substituído por José Roberto Sabino, ex-presidente da Nordeste, que deixou o cargo após a unificação das companhias aéreas do grupo. Lore já havia decidido, por conta própria, afastar da Gerência de Comunicação da Varig Lúcio Ricardo, membro do Conselho de Curadores da FRB. Lore, ex-executivo do Banco Central, do Unibanco e da própria Varig, foi indicado pela FRB para substituir Ozires Silva, sob pressão do Comitê de Credores. À frente da empresa, Lore já negociou com os credores a suspensão do pagamento de parte das dívidas da Varig no segundo semestre, impedindo que empresas de leasing continuassem retomando os aviões da frota ou que a Petrobras cancelasse o fornecimento de combustível, criando uma situação semelhante à que trouxe ao chão a Transbrasil, no ano passado. Isso mostra, segundo especialistas do mercado, que sua permanência no cargo agora independe da vontade dos membros da fundação.

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