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Fundamentos do Brasil não mudaram para pior, diz FMI

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor de mercado de capitais internacional do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gerd Hausler, disse hoje que os fundamentos da economia brasileira não mudaram de maneira negativa. "Há algumas incertezas políticas no mercado. E isso é para os próprios brasileiros responderem e tirarem essas incertezas do caminho", afirmou Hausler, em resposta a uma pergunta sobre se o Brasil enfrentará dificuldades de rolagem da sua dívida em 2003 por conta de condições adversas de fluxo de capitais. Hausler disse que enquanto os mercados estão preocupados em relação às incertezas políticas, eles (os mercados) não estão realmente olhando para os fundamentos do Brasil de maneira negativa. O diretor do FMI ressaltou que não seria razoável da parte dele especular sobre 2003 ainda no meio do de 2002. "Não tenho nenhuma razão neste momento para supor que os mercados se fecharão para o Brasil em 2003", afirmou o diretor do FMI. Hausler disse também que seria impróprio especular sobre os resultados das eleições presidenciais e de políticas econômicas após as eleições. "No entanto, os mercados lêem que a atual política econômica do Brasil é em geral apropriada", afirmou. América Latina O diretor do FMI deu essas declarações ao apresentar o relatório trimestral sobre estabilidade financeira global. Antes de falar especificamente sobre o Brasil, Gerd Hausler alertou para a necessidade de a América Latina se tornar vigilante em relação a políticas que tenham impacto negativo para o ambiente de investimentos diretos na região. Segundo Hausler, com o declínio do crédito bancário para mercados emergentes como uma importante fonte de fluxo de capital, e também com o fato de as aplicações de investidores cross-over (investidores que normalmente investem em ativos de países industrializados e que eventualmente também aplicam em emergentes) estarem menos confiáveis como fontes de financiamento, o papel do fluxo de FDI (investimentos diretos estrangeiros) se tornou mais vital neste momento. "Portanto, o ambiente de investimento sobre o qual acontece o FDI, em particular para a América Latina, tornou-se extremamente importante. A região deve estar vigilante contra quaisquer políticas que venham a ser adversas a tais investimentos ou mesmo que venham a criar um contágio nesta direção", afirmou. Ele observou que já faz algum tempo que os investidores de portfólio, especialmente os de renda fixa (bônus da dívida), vêem se retirando da América Latina e, em particular, do Brasil, o que levou ao aumento significativo da aversão de risco diante de outros mercados emergentes. Hausler lembrou que a saída dos investidores de bônus da América Latina não necessariamente beneficiou outras regiões. "O que observamos foi um aumento na alocação da parcela de cash pelos investidores em mercados emergentes", disse. Ele ressaltou que esta é uma das razões para que a América Latina olhe com bastante cuidado a sua base de investidores. Acesso a capital O chefe de acompanhamento de mercados emergentes do Departamento de Mercado de Capitais do FMI, Donald Mathieson, disse que provavelmente os países que não tenham um rating de investment grade (como é o caso do Brasil, que tem um rating especulativo) deverão continuar com dificuldades de acesso ao mercado de capitais internacional no curto prazo. Mathieson não quis fazer estimativas sobre o fluxo de capitais para 2002 e 2003 durante apresentação do relatório trimestral do FMI sobre estabilidade financeira global. No relatório há apenas informação de que o fluxo de capital para mercados emergentes (via emissão de bônus, ações e empréstimos bancários) atingiu US$ 35,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano abaixo dos US$ 40,3 bilhões registrados no último trimestre de 2001. "Não fizemos formalmente qualquer previsão sobre fluxos de capital. Nós diríamos que os emissores com rating investment grade continuam a ter um acesso razoável aos mercados. No momento, os mercados de bônus estão efetivamente fechados para as emissões sem garantias de países com nota soberana especulativa", afirmou Mathieson.

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