27 de março de 2012 | 07h44
Ontem, a EBX anunciou que o objetivo do acordo, que havia sido antecipado pela coluna de Sonia Racy, é fortalecer suas finanças e ganhar cacife para apostar em novos negócios. Eike não revela exatamente o destino do reforço financeiro feito pelos novos sócios. "Posso usar (o montante) como quiser", disse.
Ele revelou, no entanto, que os novos projetos no radar da EBX pesaram para o sócio estrangeiro fechar a parceria. "Temos no nosso pipeline uma mina de ouro que é enorme e temos a REX (do setor imobiliário), que também é gigante", disse o executivo sobre duas de suas empresas ainda não listadas em bolsa.
Ele reafirmou também o interesse de entrar em fertilizantes. Analistas viram o movimento como um sinal de que o mercado passa a dar mais credibilidade às companhias de Eike, que já foram chamadas de "empresas de papel" por terem suas carteiras formadas por projetos que ainda não estavam em pé.
"A operação traz credibilidade aos projetos da EBX. É sempre importante ter um investidor desse porte", avalia o analista Rafael Andreata, da Planner Corretora. "É um fundo de pessoas que entendem muito da indústria de petróleo fazendo um aporte num grupo que tem como principal empresa a OGX. Vejo esses pontos como positivos."
Com o aporte bilionário, o sócio estrangeiro terá participação indireta nas empresas do grupo EBX , como a OGX (óleo e gás), a OSX (construção offshore), a REX (mercado imobiliário), a AUX (mineração de ouro) e a IMX (entretenimento).
No comunicado distribuído à imprensa ontem, a Mubadala também revela estar de olho em novos negócios que a EBX venha a desenvolver no segmento de tecnologia. Nessa área, além de uma parceria com a IBM na empresa SIX, Eike também pretende investir em tablets.
A EBX planeja, em conjunto com outros grupos brasileiros, a instalação de uma fábrica de telas de LCD para tablets e televisões em Minas Gerais, em sociedade com a taiwanesa Foxconn.
Depois da entrada do sócio árabe no capital da EBX, Eike não pretende levar as ações de sua holding à bolsa. "Não quero e não vou fazer. Eu prefiro abrir o capital das empresas embaixo", disse, mencionando a REX, a AUX e a SIX. O empresário, no entanto, pretende esperar o "tempo certo" para levar as companhias ao mercado, pois, segundo ele, elas ainda têm capital suficiente.
Projetos. Embora Eike não dê muitas pistas sobre o destino dos US$ 2 bilhões, analistas acreditam que boa parte deve ir para novos projetos. Porém, uma fatia pode ser direcionada para OGX, OSX e LLX, companhias que têm projetos de grande envergadura. No portfólio delas estão a operação de poços de petróleo, a construção do Porto do Açu, no norte fluminense, e de um estaleiro no mesmo local.
"No curto prazo, as empresas do grupo não precisam de capital. Estão todas com bom posicionamento de caixa", diz Andreata, da Planner, ressaltando, porém, ver alguma necessidade de recursos na LLX e especialmente na OGX e na OSX.
O anúncio do negócio com a Mubadala influenciou o movimento das ações das empresas do grupo EBX ontem. A MMX (mineração)subiu 5,03% e foi a terceira maior alta do Ibovespa, com a notícia. LLX, MPX e OSX também tiveram altas. A OGX, no entanto, caiu 2,4%./ COLABOROU CLAUDIA VIOLANTE.
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